sexta-feira, 3 de julho de 2020

Eros

                                                                                   Por Simone de Paula


 Eu um sonho assim...

Esta noite sonhei com meu amor. Eu dormia e quando acordei dei de cara com o rosto dele, em cima de mim. Bonito, com cabelo mais curto e sem barba, com um sorriso suave e discreto nos lábios e o olhar doce e amoroso que há muito eu não via. Foi só isso, ele ali, comigo, bem. Tinha voltado das trevas em que ainda se encontra hoje. Um fragmento e um todo. Bastou pela imagem única e completa.

Então eu abri os olhos e despertei


O riso e seu lugar


                                         Por Andressa Freitas
                                            
 Eu vi um sonho assim

  Era uma manhã ensolarada, naquela pequena cidade, me parecia tão familiar, mas eu nunca tinha conhecido aquele lugar. A medida que eu caminhava em uma rua larga e com muitas árvores encontro um banco na sombra e me sento ali, como quem espera não sei o que.
Por essa rua passam pessoas, que riem sem parar, não entendo o motivo, fico só a observar. As horas passam e ali não canso de ficar, as pessoas continuam passando. Meu riso não acontece, apenas levemente me estremece o corpo, como se eu tentasse lembrar. É como se ele tivesse ido embora e eu lá, a ele esperar...  Então eu abri os olhos e despertei...
e a louç(c)a é que estava lá a me esperar.

https://youtu.be/tdL6uN7w7V0



Sonho 2



                                                                                                        Por Fabiana Louro

Eu vi um sonho assim

Sonhei que conversava com duas pessoas, uma era um homem de terno cinza chumbo, a outra era uma mulher loira, vestida com um terninho preto. Falávamos sobre um processo judicial. Eles me diziam que este até que deu sorte, pois o juiz determinou o pagamento de uma vez, mas que ele poderia ter determinado o pagamento em uma parcela inicial de 1,2% sobre o valor total e o restante em parcelas a ver navios.
Eu brinquei dizendo que relativo a parcelas, poderia ter parcela para as 10h, outra para as 14h e uma para as 20h para um mesmo dia e eu dava risada desta frase que eu mesma dizia e eu mesma respondia, continuando a dar gargalhadas, daquele absurdo que parecia tal coisa, e continuava: Pois então cancele as das 10h e das 14h que eu pego tudo junto as 20h!
Só que a mulher dizia: Você tem certeza disso? Olha lá hein? Eu não respondo por mim se der errado! Eu me conheço. É melhor não arriscar. Às 20h poder ser que já não tenha mais em o das 10h e nem o das 14h. Todos nós rimos juntos.
Só que depois dessa cena, veio um lampejo e vi nitidamente que era isso que se inscreve sem cessar, o sujeito tenta, mas ele falha, insistentemente. Essas pontuações no temo da Lei Jurídica (a sentença do Juiz que determinaria os horários) dariam alguma Ordem para ele cumprir com a obrigação sem fracassar. Depois disso, ocorreu uma sucessão de imagens, com pessoas, casos clínicos, que fracassam em fazer o que se propõem.
Quanto mais fracassam, menos confiam em si, mais são ironizadas, mais gargalham e são motivo de chacotas alheias, viram piadas, até que nem elas próprias se suportam e desistem também de si, acordei pensando numa ex-colega de grupo de trabalho, que acabei envolvida numa situação muito terrível, que envolveu até mesmo minha família, numa situação inusitada e praticamente impensável, mas que se encaixava completamente nesse padrão.
Também pensei um pouco em mim, que tinha inutilmente, várias e várias vezes manter certas coisas e falhei. Acordei atordoada, só notei que os pensamentos sobre mim tinham vindo após estar acordada muito tempo depois, então o sonho e o acordado, ficaram nebulosos por um tempo.

Então eu abri os olhos e despertei

Montanhas de cadáveres


                                                                 
                         




                                                                                        Por Fábio Dal Molin

Eu vi um sonho assim

Estou em uma cidade enorme repleta de arranha-céus e imensas ruas largas cheias de lojas, luzes sons e cores. “Nova Iorque” é o nome que vem, apesar de eu nunca ter estado lá.
Há muitas pessoas na rua e elas gritam assustadas. Está escuro agora e a luz artificial é projetada naquele imenso animal que voa entre os prédios, um pterodáctilo.
Eu consigo subir no alto de um morro e posso avistar sobre o topo dos edifícios uma revoada de gaivotas, e elas assumiram uma formação semelhante a do filme “Os pássaros” e Hitchcock.
Em um estante o cenário muda e vejo um navio próximo à costa, os prédios estão à beira da praia e o rio está vermelho de sangue. Nas margens surgem pilhas e pilhas de corpos humanos, que estão por todo lado até onde a vista alcança, na água, entre os prédios, à bordo do navio.

É o fim da humanidade

Então eu abri os olhos e despertei.