quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O cinema desenterrado

 Por Fábio Dal Molin


Eu vi um sonho assim

Eu estou na fila para o Fantaspoa no campus central da UFRGS e há milhares de pessoas usando roupas coloridas aguardando a exibição de um filme.

De repente me teleporto para São Paulo na fronteira da cidade, que terminava em uma colina com várias casas antigas e muros entre elas, Há alguns homens desconhecidos comigos e eles começam a demolir as casas e os muros, o que revela uma vegetação densa e exuberante, e todos ficamos contemplando e pensando "não parece São Paulo" e "veja como a natureza é forte e consegue brotar do cimento e do asfalto"

Eu desço pela colina e vejo uma espécie de degrau e aparecem escritos talhados na terra: "aqui estão as cadeiras numeradas"

Começo a escavar  e aparecem fileiras de cadeiras vermelhas, Havia uma sala de cinema enterrada na colina e um filme começa a ser exibido.

Então eu abri meus olhos e despertei

Sonho do Moro


                                                                         Por Camila Noguez

 Eu vi um sonho assim


Que todo o final de mês o juiz Sérgio Moro ia pessoalmente até o Espontâneo - bar adotado pelo nosso grupo de amigos em Porto Alegre - enquanto Marcos fazia o balanço. Marcos estava sendo chantageado pelo Moro, mas resistindo bravamente. A tortura consistia nisso mesmo, aguardar a chegada dele todo final de mês, num carro preto, e aturar o papo do juiz no balcão enquanto Marcos lhe preparava um drink. Marcos sofria muito, depois eu me transformava no Marcos, me atirava no chão e pedia misericórdia para que ele nos deixasse em paz.

Então eu abri meus olhos e despertei.

Pequena meditação pataparametafísica

 

 Por  Michel Peterson


Eu vi um sonho assim


Sonhei sonhei e resonhei e resonhei… quando acordei, não lembrava nada a não ser a presença de minha companheira de vida, hoje morta, hípermortaviva la revolución! Logo, desacordei para mergulhar de novo no desonho desconhecido. E descobri, descobri o que?

Descobri, como se eu fosse um Descartes descartável que não sei se sonhei que estava sentado na minha cadeira com um ropão vermelho em frente à minha lareira e que, ao despertar, estava sentado em frente à minha lareira diante de um Outro. Sonhei ou sonhei que sonhei? Que sonho? Que « admirável revelação » tive eu ao acordar assim de um sonho que não me dava nenhuma certeza da realidade? Eu sonhei que acordei de um sonho, como o cavaleiro da guerra e da Razão. Qual foi o meu Método para não morrer de sonho? Sonhei, mais uma vez, com a Verdade da ausência : não sou, pois não existe senão no meu sonho. Não penso que penso à beira da evidência do desaparecimento do mundo. E assim, não importa se eu acredito ou não em Deus ou no capitalismo. Ambos são apenas mentiras do sonho.


Então eu abri meus olhos e despertei.



sábado, 1 de agosto de 2020

1997

Por Fábio Dal Molin
 
Eu vi um sonho assim

Viajei no tempo até o ano de 1997, e foi um dos sonhos mais nítidos e estruturados que já tive. Nesse ano eu estava no meio do curso de Psicologia e morava na casa de minha mãe, e tudo parecia ser o que era naquela época: a casa, o jardim, a rua. Eu vi meu quarto e minha gaveta da bagunça, a sala, a televisão e as janelas. Fui até o supermercado e tudo estava naquele exato ano.
Cheguei a acordar para ir no banheiro, e quando adormeci voltei a esse mesmo sonho, como se tivesse  retornado a 2020 e feito uma nova incursão. Lembro da música, do Inter e de que precisava esconder meu celular porque ele era muito diferente dos daquele ano. Também percebi que estava com meu carro atual , uma Ecosport modelo 2017 e que precisava escondê-lo, afinal, naquele ano ele parecia uma nave espacial.
Senti saudades daquele ano, gostaria de ficar lá, eu gostava da Universidade, do Inter ter ganho de 5x2 do Gremio e de meu pai estar vivo
Então eu abri meus olhos e despertei

Esse hotel é um labirinto


 Por Simone de Paula

Eu vi um sonho assim...

Olhava de longe um amigo com quem trabalhei. Ele estava sentado em uma mesa, com sua equipe, voltando ao trabalho. Esse lugar era uma espécie de hotel e eles estavam na parte externa. Lembro de ter verde, com paredes repletas de trepadeiras, e água, tipo um lago ou piscina. Eu estava hospedada nesse lugar. Depois de vê-lo fui ao meu quarto, que eu dividia com a minha irmã, e ela me diz que mudaríamos de quarto. Ela me mostra onde é, vamos até lá e vejo a diferença entre os dois ambientes. Saio e fico rodando pelo hotel. Eu mesma tinha alguma atividade importante que eu teria feito ali. Fico passeando procurando meu amigo e vejo que ele já não está no mesmo lugar, tinha ido embora. Eu resolvo voltar para o quarto. Mas volto para o primeiro quarto, o que já não era mais meu, que estava arrumado para outros hóspedes. E, quando entro percebo que eu tinha errado, começo a procurar pelo novo. Passo por salas, escadas, lugares que pareciam pequenas salas de trabalho de pessoas, espaços públicos com cara de privados, como se eu invadisse a intimidade de alguém, mas era permitido passar por ali. Eu não tinha a mínima idéia de como chegar ao meu quarto. Eu estava completamente perdida nesse momento, porque tinha atravessado tantas portas que nem o ponto inicial eu sabia mais encontrar. Era tudo bonito, tranqüilo e silencioso, ambientes aconchegantes, alguns com objetos mais infantis, outros com decoração mais sóbria. Era um misto de muitos lugares em um. Cansei de procurar e parei. 

Então eu abri meus olhos e despertei.


As duas mães

                                                                                                                                     Por Fabiana Louro

Eu vi um sonho assim

Sonhei que minha mãe se dividia em duas pessoas, uma delas era a mãe boa, agradável, dócil e sã; a outra era a mãe enlouquecida, que falava coisas incoerentes, vagava pelas ruas.
A boa estava de azul e a enlouquecida estava toda de branco. Eu saia a procura da mãe que enlouqueceu.
Procurava por algumas ruas, até que cheguei a uma rua, com bancos na travessia, como aquelas ruas que tem no litoral de São Paulo, são fechadas para carros, só podem passar pessoas, e no meio, tem bancos para sentarmos.
Ela estava por ali. Tinha outras pessoas, via uma menina, que a princípio achei conhecer, e pensei: "Ela também enlouqueceu". Ela desaparecia, entrando em uma casa.
Ao meu lado, de repente, havia uma médica e enfermeiros. E dai encontramos minha mãe e fui com eles até este lugar, que parecia uma clínica.
Já na clínica, na cadeira ainda, os enfermeiros continham a minha mãe, estendendo seu braço e lhe aplicando uma injeção.
Na cadeira da médica, um pouco diferente, parecia perturbada, também havia enfermeiros contendo-a e lhe aplicando uma injeção, por meio do cantinho do seu olho.
E ela dizia: Eu esperava fazer esse trabalho sem enlouquecer, mas não foi possível.
Assim o medicamento entrava e ela parecia se restabelecer.

Então eu abri meus olhos e despe
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