sexta-feira, 26 de junho de 2020

Sonho 1


                                                             Por Fabiana Louro

Eu vi um sonho assim
Sonhei que tinha ido parar em Porto Alegre, sabe-se lá porque, mas a pessoa me dizia que eu tava numa cidade chamada Lusiana, perto de Porto Alegre.
Depois da viagem, a cena muda e estou observando uma sala, dentro de um hospital. Não estou no sonho, mas vejo todos ali. 
Tá cheio de gente lá. Homens e mulheres. Mas em especial, tinha um homem, com cabelos castanhos, barba, olhos castanhos, pele branca, uns 40 anos, aproximadamente, ele era tio de um rapaz que estava ali. Esse rapaz tinha arrancado os órgãos do pai. Era um rapaz de uns 16/17 anos. Também cabelos castanhos, pele bem lisa, sem barba nenhuma, e olhos castanhos. Parecia esse tio, só que mais novo. 
E ele estava ali, sem contenção, sem nada. E olhava pra esse homem que era o principal elemento do sonho. (O tio)
De repente ele pega uma tesoura que tá ali, e voa pra cima do tio. O pessoal tenta contê-lo, e ele não para. Esse tio tem uma arma, atira nele várias vezes, mas não consegue para-lo.
O rapaz fura o tio com a tesoura antes de cair no chão, morto. 
Os orgãos do pai, estavam ali, mas não estavam ali. É como se eu conseguissse ver onde estavam, mas não estavam inseridos nessa cena, nesta sala. 
As pessoas comentavam, que o garoto primeiro tinha tirado as bolsas de sangue, falavam assim. Ele arrancou primeiro aqueles órgãos que estouram e inunda o corpo de sangue. Não lembravam o nome, que seriam bolsas de sangue, por assim dizer. No sonho, eu tentava lembrar, porque parecia que de repente, eu era alguém que estava lá, cuja as pessoas falam do ocorrido, mas não conseguia me ver. 
Ele teria arrancado essas "bolsas de sangue" nas pernas e nos braços.
Os órgãos do pai, estavam limpinho, sem sangue, tudo arrumadinho num lugar que eu via onde era, mas não era naquela sala que estavamos no hospital.
Nenhuma das pessoas ali na sala, dentre homens e mulheres me lembra alguém conhecido. Porém, o tio, tinha o tipo do Chuck Norris. 
Eu acordei assim que o menino caiu no chão e o tio foi socorrido. Não consegui ver se o tio morreu.             Então eu abri meus olhos e despertei                                                

Pedra


 
                     



                    Por Ana Maria Agra

professora da UnB (Brasil), escritora e ensaísta


Eu vi um sonho assim
Na noite, eu ia por uma estrada estreita e íngreme encontrar uma pessoa. Começou a chover torrencialmente. E a noite enegrecia cada vez mais. De cima de uma pedra, meu pai gritava meu nome. Ele fazia gestos para que eu me aproximasse. Tive medo, não fui, mas, mesmo claudicando, ousei dar alguns passos em sua direção. Eu me perguntava: — Ele está vivo ou morto? A pergunta e a incerteza da resposta aumentavam meu pânico. Rompendo o medo, cheguei ao pé da pedra em que papai se equilibrava. Nada lhe disse. Em suas roupas maltrapilhas, o que se sobressaia era a barba quase branca e descuidada. Estava mais alto do que era, imponente em sua deselegância. Lentamente, desceu com dificuldade da pedra, se aproximava de mim. Tremi de medo daquele homem. Num vislumbre de memória, lembrei-me de sua violência, da mão pesada, dos gritos cotidianos, de uma presença que sempre assustava. Recuei, eu queria me proteger dele: — Será que viera pera me punir? Tive medo, tentava gritar, mas o grito não saía. Eu recuava enquanto ele vinha até mim. E vinha de braços abertos, o sorriso no rosto, pronunciando meu nome. Suas vestes sujas. A chuva intensa e a memória me plantavam no chão. Ele se aproximava cada vez mais. Vi que segurava com as duas mãos uma pedra. Mostrou-a, elevando-a ao alto. Dela tirou a sujeira, e surgiu um imenso cristal brilhante. Disse-me: — Eis aqui este cristal, estou fatigado de carregá-lo, agora essa missão será sua. Deves voltar à tua casa, reunir teus seis irmãos e dividir esse cristal com todos eles. Entregou-me o cristal e pronunciou a sentença: — Seja justa. Fiquei impressionada de ter me escolhido, pois eu não era sua filha predileta. Não nos despedimos. Eu ia em passos medrosos, caminhando sobre as águas da chuva, mas meu coração tinha crescido, estava imenso. Se me escolhera para o ritual da partilha, era porque confiava em mim. O sentimento de justiça me enobrecia. A ética de meu pai me foi transmitida. E agora eu deveria me preparar para dar aos outros.
Então eu abri meus olhos e despertei.

Engenhocas


                                                                  Por Simone de Paula

Eu vi um sonho assim...

Eu estava num carro com um amigo com quem divido consultório. Ele era o dono do carro e deixava o carro aos meus cuidados ainda com o motor ligado. Ele, do lado do condutor, desce e eu, do lado do passageiro, pulo para o banco do motorista. Nessa hora, a mulher dele está ali, ao meu lado, onde eu estava sentada antes. Trocamos breves olhares, um silêncio e um sorriso. Ela então some e eu fico com um botão na mão, espécie de moeda, que liga e desliga o carro. Mas, por algum motivo, eu não o desligo e preciso de um mecânico para fazer. Chamo um cara, um homem de meia idade, um super mecânico macho, que não aceita que o motor liga e desliga com aquele botão. Ele fica desdenhando do que eu digo e fica enrolando, procurando a ignição. E eu falo e ele ignora. Então desisto e o deixo procurando. Fico com a peça metálica na mão, acariciando com a ponta dos dedos, segurando enquanto ele fuça no painel. Espero que ele ache onde aquilo se encaixa, e assim, desista de procurar o buraco convencional de ligar um automóvel. Ele finalmente cede e aceita que aquilo deve encaixar em algum lugar. Então, eis que ele acha uma espécie de círculo com um buraco no meio em que essa peça que eu tinha, encaixa como um ímã e desliga o carro. De repente, estou eu em uma espécie de escola, numa sala, com dois sobrinhos. Um, menor, parecia japonês, uns cinco anos, tímido, praticamente não fala. E o outro com um pouco mais de idade, quase sete, que me lembra meu sobrinho mesmo, e esse está mais à vontade nesse lugar.  O pequeno, pega um brinquedo de um armário, quer brincar. Eu deixo. É a sala de atendimento do meu amigo, que está lá e concorda que ele brinque. Ele diz que aquele brinquedo foi feito por ele e todas as outras coisas ali. Perto dele tem uma espécie de superfície, algo como um bolo ou miniatura de campo de futebol, só lembro que era verde. Em cima dessa superfície existem alguns elementos, outros brinquedos ou partes de brinquedos que devem ser montados ou remontados. Tudo me remete a algo sexual e ao mesmo tempo infantil, lúdico. Meu amigo começa a me contar que tudo aquilo, a fabricação dos brinquedos daquela sala, começou quando ele era criança e teve a idéia de vestir uma calcinha de menina para ver como se podia fazer xixi pelo buraquinho. Nessa hora vi uma cena na minha imaginação, ele com uma calcinha na cabeça, deixando um olho de fora. Volto a olhar para ele, meio encantada. Eu ouvia aquele relato achando curioso e bastante inteligente, visto que ele era, quando isso aconteceu, uma criança e eu pensava como toda essa experiência tinha sido boa para o desenvolvimento dele, tanto o pessoal e sexual, como o profissional.

Então eu abri meus olhos e despertei

A super máquina

                                                                    Por Fábio Dal Molin
Eu vi um sonho assim
Estou dentro de um carro preto esportivo andando por uma estrada de chão na zona rural. Eu reconheço esse lugar: estou na zona Rural de Venâncio Aires nos arredores de uma escola onde fiz uma etnografia para minha pesquisa de pós-doutorado.
O carro está em fuga mas eu não sei exatamente por quê;
Agora sei que carro é: é a Super Máquina, série dos anos 80 que eu gostava de ver na infância.
É um carro inteligente equipado com um computador que fala através de uma interface luminosa vermelha no painel seu nome é K.I.T.

E ela falava comigo enquanto rodávamos indefinidamente pela estrada de chão

Então eu abri meus olhos e despertei







sexta-feira, 19 de junho de 2020

Realidade ou ficção? Sonho!


                                                                         Por Simone de Paula

Eu vi um sonho assim...

Eu estava numa viagem com um grupo, parecia algum país estrangeiro. Lembro de lugares que misturam areia e construções, demolições. Andávamos pelas ruas. Parecia Egito ou Israel, lugares que estive recentemente. Minha Irmã estava comigo no sonho. Era confuso, não me sentia bem naquele lugar, parecia que estava muito desorganizado, sem muitos planos. Tivemos um tempo livre e então estávamos no Rio de Janeiro, na beira da praia, o mar ao longe, era parte do passeio. Estávamos eu, minha irmã Cris e parece que minha sobrinha Giulia nesse momento. Eu tinha preocupação em cuidar dela. Ela queria sorvete e a Cristiane também e fomos num quiosque comprar. Eu estava o tempo todo cuidando do entorno, com medo de algo. Eu já estava pedindo o sorvete quando lembrei que eu nem gosto de sorvete e desisti do pedido. Dali, me vejo em outro lugar, num quarto de hotel. Um hotel antigo, de pedras, madeira e carpete. Era o grupo de novo ali. Todos pareciam felizes, mas eu sabia que na parede do meu quarto havia um revestimento que ocultava uma parede cheia de dinheiro. Havia uma espécie de conspiração acontecendo sob nossas vistas. Dois caras da viagem eram bandidos que queriam pegar aquele dinheiro, que pelo que eu entendia tinha sido escondido por dois guias da nossa excursão. Eu realmente tinha medo e queria que aquela estadia acabasse logo para irmos embora. Eu estava no quarto, meio escuro e procurava roupas para me trocar e ir para o refeitório jantar. Era noitinha. Eu não sabia o que vestir, pressentia que alguém estava do lado externo, em alguma montanha, com armas apontadas para aquele quarto, para explodir a parede e pegar o dinheiro. Mas, noto que os guias do hotel, para driblarem os bandidos, recortam um pedaço da parece e substituem por vidro, assim, era impossível explodirem. Vou para o refeitório, todos felizes comendo. Vejo um doce, uma massa de pão recheada com macarons. Eu não tinha vontade de comer aquilo e pensava, deve ser bom, é bem diferente isso, mas não quero. Eu estava muito preocupada e apreensiva e intuía uma arma apontada para nós, lembro de ver o laser vermelho da pontaria. No meio daquele jantar, sem saber como tudo aquilo ia acabar.
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Então eu abri meus olhos e despertei

Sonho1


                                                                                 Por Andressa Freitas

Eu vi um sonho assim
Sonhei que estava em um seminário, tipo o do Lacan, nada pretensiosa.
Falava aos participantes que sobre a neurose das mulheres ainda a muito o que estudar para que desta forma muitos mitos pudessem se desmistificar.
Para que ela entenda qual é mesmo o seu lugar, se livrando do peso do patriarcado.
Que a obrigou a não pensar, logo não falar. Precisamos desta amarra nos livrar.
Patriarcado este que já provou nesta história que tem feito tudo piorar.
As mulheres vão talvez criar uma nova forma encontrar para uma sociedade modificar com seu olhar.
Para isso ao meu ver, é preciso trabalhar primeiro nas mulheres a potência em governar, de certa forma o que acontecia nas entrelinhas da história, uma sorte porque assim em alguns momentos ensinou o homem a pacificar.
Porém ainda existe o medo, mas este precisa vazar.
Esse sonho foi um delírio? Ou que estou a segregar, mas acho que o que sonhei foi somente porque quero ver a roda girar e também não pirar.
Assinado mulher sem nome se pondo a sonhar.
Sem voz ainda como vocês tantas outras procurando o seu valor, às vezes com ódio mas sempre com amor e aqui expressando seu fervor... Acordei para trabalhar!

Então eu abri meus olhos e despertei

Ave Lúcifer


Por Fábio Dal Molin



Eu vi um sonho assim

Estou na sessão de frutas e verduras do supermercado e vejo um sujeito sentado em uma banqueta no lugar onde está a balança. De inicio o avisto apenas com o canto do olho. Vejo um cabelo preto e uma estrutura física longilínea. “É meu tio Carlos Alfredo, falecido há alguns anos por câncer e professor universitário” penso “é Fernando, amigo de minha madrinha, também professor”. Agora consigo enxergar o sujeito que é magro, quase dois metros, óculos de aro grosso e cavanhaque longo, usando uma calça jeans e um blusão de lã marrom.
Lucio, Fernando, Luciofernando
Ele diz seu nome “Eu sou Lúcifer”. Veio a imagem do romance “Memnoch” de Anne Rice, no qual o vampiro Lestat encontra do diabo, e ele aparece como um sujeito absolutamente normal, um homem padrão, até mesmo difícil de descrever.
Eu não o vejo mais e encontro uma mulher de cabelos loiros e crespos e fazemos compras no supermercado. Eu a levo para a casa da minha mãe onde está toda a minha família. Eu sinto uma certa vergonha dela e ela mesma aponta para minha aliança no dedo. Ela está deitada dormindo no sofá e posso ver hematomas em suas pernas.
Eu tento ir embora e leva-la junto comigo mas ela não quer sair.
Eu retorno para a sessão de frutas e verduras e essa mulher se divide em duas. Uma delas é velha e exibe muitas plásticas do rosto.
Eu penso em Lúcifer
Então eu abri meus olhos e despertei



sexta-feira, 12 de junho de 2020

O Jardim

                                          Por Vanessa Soares de Castro


Eu vi um sonho assim.



Era como um filme, uma história completa, sobre um menino que morava numa grande casa, com um grande jardim. Foram designados guardas para cuidar dele, que iam ficando mais autoritários e ele sendo mais reprimido a medida que o tempo passava. Mesmo assim, ele saia com frequência pelo portão do jardim da casa para visitar o mundo, mas sempre voltava. Um dia, ele pediu para os guardas não deixarem o portão aberto para seu cachorrinho não fugir, mas por algum motivo os guardas não aceitaram fazer isso. O menino então fugiu de vez. Passou por vários lugares, por um barco cheio de água dentro, por uma catedral  abandonada, e por outros lugares estranhos. Quando cresceu, se disfarçou de guarda de sua casa para voltar sem que ninguém o descobrisse. 


Então eu abri meus olhos e despertei.

Sonhos com o mar


                                 Por Vanessa Soares de Castro

Eu vi um sonho assim

Tenho tido sonhos envolvendo água, água ameaçadora. Ontem, sonhei que eu precisava mergulhar no mar, atrás de um submarino, mas eu não sabia usar o equipamento de mergulho, ainda precisava aprender. Meu maior medo era me encontrar no escuro das profundezas do oceano, além de não conseguir respirar por causa de toda a pressão em cima de mim. Felizmente, o sonho acabou antes que eu precisasse realmente mergulhar. Me pareceu que, durante todo o tempo, eu fiquei fazendo esforço para adiar o momento do mergulho até o sonho acabar.
No sonho de hoje, eu estava em um lugar com muita água, viajando de férias acompanhada de algumas pessoas. Chegou um momento em que precisávamos passar por lugares onde havia grande risco de cair no mar, de se afogar, e por pouco eu não caí, várias vezes. Eram como se fossem píeres velhos, alguns de madeira, outros de ferro, estruturas caindo aos pedaços. No sonho, enquanto andávamos nesses lugares, as pessoas contavam histórias sobre outros que caíram no mar. Alguém falou de como sobreviveu quando caiu, como estava muito cansado e precisou recuperar as forças, boiando ou algo assim, antes de tentar se erguer pra fora da água.

 Então eu abri meus olhos e despertei.

Perdido


                                                                                                          Por Fábio Dal Molin


Eu vi um sonho assim

Estou em São Paulo, dentro de um ônibus e não tenho ideia de onde tenho que descer. O veículo trafega por uma espécie de trilho entre os prédios que tem uma cor sépia. Eu tento telefonar para um amigo que mora lá mas sequer lembro o nome dele enquanto o ônibus não está mais no trilho e percorre ruas sinuosas e escuras. Desço em uma parada em frente ao prédio onde meu amigo mora mas resolvo subir em outro ônibus e sou teleportado a uma encosta montanhosa na beira do oceano. Não estou mais em São Paulo, parece ser o Rio de Janeiro ou a Lagoa da Conceição em Florianópolis, mas a água é azul cristalina e a areia é branca. O tempo está cinzento e tento caminhar em direção à praia da Joaquina. A chuva fina me impede de andar.

Então eu abri meus olhos e despertei.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

O portal da infância






Por Fábio Dal Molin

Eu vi um sonho assim
Estou na casa de minha mãe e, pelas pedras da calçada e os paralelepípedos da rua o tempo é o da Porto Alegre da minha infância.
Não sei ao certo quem está comigo ali, mas sinto a presença de minha mãe e de meus primos e primas. Poderia muito bem ser uma tarde preguiçosa de domingo depois do churrasco.Nessas tardes lembro do sol amarelo escuro do inverno e ficava torcendo para que a noite não viesse que que fosse sempre quatro da tarde, a hora mágica quando eu meu pai me convidava para irmos ao campo ver o Inter e eu ficava em transe vendo aquele estádio imenso e suas pombas voando entre as marquises.
Era nessa hora, mas meu pai não estava e eu e não sei mais quem caminhamos até o meu colégio que ficava há duas quadras dali. A Escola Estadual de Primeiro Grau Visconde de Pelotas era um pavilhão azul de madeira que ficava ao lado de uma espécie de platô, um mato em elevação que chamávamos de “morrinho” e lá brincávamos de aventura e fazíamos guerra com dardos extraídos de um capim selvagem,
O prédio da escola não existia mais e o morrinho parecia uma montanha encantada. No terreno da escola agora havia um rio caudaloso e dourado com um arco-íris sobreposto Na base da montanha havia um buraco em forma de círculo onde desembocava uma cascata vinda do céu, e ele tinha uma tampa feita de pedra que abria e fechava e de repente o arco iris estava na outra margem do rio.
A imagem era de um esplendor mágico, de um lado o halo colorido e de outro aquela espécie de caldeirão em um eterno movimento de báscula,

Então eu abri meus olhos e despertei

Volta às aulas


                                                                                              Por Fábio Dal Molin
Eu vi um sonho assim


Volta às aulas. Eu subo as escadas do imenso prédio do colégio onde nunca estudei, mas tenho que chegar à tempo para a aula. O prédio é construído com mezaninos conectados por inúmeras escadarias lotadas de estudantes e suas paredes tapadas de listas de chamada, cartazes e notas.
O próximo período é de matemática e me dou conta que não assisti nenhuma aula ainda no semestre, não sei nada da matéria. Um colega do qual não vejo o rosto me diz que teremos prova. Sinto muita angústia de ter que fazer uma prova e não sei da matéria nem um pouco, nem como começar a fazer uma conta.
Mas... espera aí.. eu sou adulto, já estou formado.... como tenho que ainda fazer prova?
Eu não estou mais no colégio, isso tudo já passou.
Tudo fica confuso.


Então eu abri os olhos e despertei


Brancura


                                                                                Por Simone de Paula

Eu vi um sonho assim...
Estávamos eu e a minha irmã mais velha, Cristiane. Era uma situação em que a gente precisava fugir de algum lugar. Esse lugar era uma casa, uma igreja, esses dois lugares eram misturados, ora parecia a casa, ora uma igreja católica.Ambiente claro, paredes e colunas brancas. E esse espaço tinha umas passagens secretas e a gente precisava levar umas coisas por essas passagens secretas. Eu tinha que ir na frente. Eu já tive outros sonhos em que eu estava nessa mesma situação, ambientes e passagens muito estreitas, como colunas, em que aparentemente não passaria nem a cabeça, quanto mais o corpo todo. E eu nunca encarei , acordava. Na minha cabeça vinha a mensagem: é assim mesmo, enfia a cabeça e vai. Tipo a passagem para a plataforma 9 ¾ do Harry Potter. Quando olhei a passagem, uma fenda em uma coluna branca, tipo gesso. Criei coragem e passei. Dali, o movimento foi fluente e veloz. Eu ia passando rapidamente, aparentemente subindo, por aqueles túneis. Chegamos caindo em cima de um armário de madeira. E eu carregava um vaso enorme de flores brancas, tipo cravos brancos.  Minha irmã também chega. E ela diz pra eu me esconder. Esse armário de madeira estava dentro de uma sala, uma espécie de sala de jantar ou copa, tipo uma sacristia, porque tinha mesa e cadeiras de madeira também, com uma toalha branca em cima. E tinham mulheres por ali, senhoras. A impressão era que eram freiras ou religiosas, mas sem o hábito. E meu impulso foi me esconder mesmo, me abaixar em cima daquele armário para não ser vista por elas. Mas rapidamente pensei: não faz sentido, viemos trazer isso para cá, eu não vou ficar me escondendo e com esse baita vaso. Então eu me deixei ver pelas mulheres. Elas me olharam e é como se me esperassem, disseram telepaticamente, venha aqui, desça. Elas me chamaram por um nome, Nói, que não me era familiar, não era meu nome, mas um codinome um jeito de me nomearem. Desci com o vaso e diante delas, acordei.


Então eu abri meus olhos e despertei

Sonho 5


                                                                                             Por Carol Peixoto

Eu vi um sonho assim

Era verão e eu andava por uma calçada de pedras. Com a cabeça baixa, via em minhas mãos peças grandes de um quebra-cabeça que eu segurava com os dedos muito esticados para não perder nada. Preocupava-me em não deixar nada cair e segurava firme com as duas mãos rente ao corpo. Ergui o rosto e vi que estava em uma feira que parecia um grande mercado público. Misturava artesanato, comidas caseiras e até animais. Caminhei muito, olhando as barracas sem entender porque estava ali e o que fazer com as peças em minhas mãos. Havia muito barulho e confusão e eu sentia o suor escorrer pelas minhas costas. De repente o cenário se desfez. Olhei para minhas mãos e elas estavam revestidas por luvas de lã pretas. Senti uma corrente de ar gelada no rosto e levantei a cabeça. Vi que estava caminhando na beira do rio Sena e à minha esquerda a torre Eiffel se erguia iluminada num final de tarde cinza do inverno parisiense. Eu vestia uma roupa totalmente preta e justa. Por cima, uma capa de lã batida e uma boina. Minha pele antes aquecida e avermelhada pelo sol, agora reluzia muito branca. Eu continuei caminhando, agora sozinha e em absoluto silêncio, carregando minhas peças do quebra-cabeça ainda amontoadas no colo.

Então eu abri meus olhos e despertei




Sonho 4



                                                                                                    Por Carol Peixoto
Eu vi um sonho assim

Em função da pandemia, minha terapeuta havia mudado sua residência para um sítio e mandou-me mensagem dizendo que poderíamos fazer nossa consulta lá, cumprindo as normas de distanciamento. Eu, então, preparei-me para pegar uma trilha dentro de um mato nativo e fechado. Caminhei bastante até chegar a uma porteira de madeira, que dava acesso a uma residência muito antiga, construída aos moldes coloniais. Passei por fora da residência, caminhando por um caminho de terra lateral, desviando das galinhas criadas soltas. Até que cheguei a outra casa, dessa vez mais moderna, mais condizente com o estilo dela, pensei eu. Nada daquilo parecida combinar com ela, que sempre pareceu tão urbana e sofisticada. Ela estava me esperando, enquanto dava instruções a um funcionário sobre como ele deveria fazer o corte do gramado. Eu sentei em uma rede e ela longe de mim em uma cadeira de palha, típica de casas do interior. Fizemos nossa consulta ali, no meio do mato. Na saída, descobri que o senhor idoso que morava na primeira casa, aquela colonial, era o pai da minha terapeuta, e ela estava cuidando dele durante a pandemia. Voltei ao mato e caminhei até onde o carro estava estacionado para poder voltar para casa.


Então eu abri meus olhos e despertei