sexta-feira, 29 de maio de 2020

Sonhos recorrentes


                                                                                                    Por Daniel Hamer Roizman
                                                                                                          
Eu um sonho assim

1) Eu tinha cinco anos. Sempre que dormia na casa dos meus avós sonhava que as estátuas africanas (totens) de madeira me perseguiam pela casa. Elas efetivamente faziam parte da coleção de arte de meu avô. Elas estavam nuas e com barbinhas tais como na vida de vigília e tinham o meu tamanho. Eu só tinha esse sonho quando dormia lá.

2) Outro sonho típico que eu só tinha lá diz respeito a estar no parapeito da janela sendo levado para o lado de fora por algum tipo de força obscura. Eu confundo esse sonho com supostas lembranças reais de eu mesmo me dependurar na janela pelo lado de fora. Hoje associando sobre esses sonhos eu penso que talvez possa ter sido abduzido por um óvni.

3) Mais um sonho típico que traz dúvidas acerca de seu caráter onírico ou realístico diz respeito a uma levitação voluntária de meu corpo no quarto em que dormia. Forçando uma energia interna através da barriga eu passo a me transformar num balão que encosta no teto do quarto e observa a cena de cima com um tom de onipotência.

4) Um sonho recorrente que já não tenho mais há alguns anos diz respeito a uma situação que invalida toda a minha vida pós colégio. Alguém me liga da escola dizendo que na verdade eu não me formei no colegial pois não conclui a recuperação de matemática. Nesse caso como já teria se passado muito tempo eu teria de refazer todo o terceiro colegial com adolescentes de 17 anos. Uma humilhação acompanhada de um sentimento de impotência caracteriza esse sonho. Minha carreira profissional teria de ser refeita ou revalidada após a aprovação na escola.

 Então eu abri meus olhos e despertei

Sonho 1

Por Suzana


Eu vi um sonho assim:
Uma noite na esquina das ruas João Pessoa com Venâncio Aires, na frente do antigo cinema Avenida, fui convidada para a chegada dos alienígenas na cidade. Era inicio da noite, muitos carros e pessoas na rua. Seria numa espécie de auditório grande.
Olhei para cima. Havia uma grande nave acima de nossas cabeças, com luzes coloridas.
Não me surpreendi. Já sabia. Tantas vezes tinha sonhado outros sonhos, quantas naves já não haviam surgido acima do Morro da Embratel... tantas batalhas já tinha visto da janela do meu apartamento...
Desta vez não se anunciava batalha, se anunciava a chegada, se convidava a assistir, a ouvir.
Então abri meus olhos e despertei.
Suzana

Cinzas

                                                                     Por Simone de Paula

Eu vi um sonho assim....
'Uma pedra deslizava pelo mar. Eu estava deitada sobre meu quadril, apoiando o rosto na mão. Ele, meu analista, estava sentado atrás de mim, apoiado sobre os cotovelos. Pedra cinza, céu nublado,  mar grafite. Nada tinha colorido, mas tinha a beleza da monocromia entre o branco e o preto. Quanto mais baixo, mais obscuro, quanto mais elevado, mais suave. O ar claro, a água escura. Entre eles, a pedra cinzenta, mesclando o lá e o cá. 
Enquanto conversávamos, a pedra deslizava pelo mar, seguia o fluxo. Devia existir alguma corrente marítima além da brisa. O dia pedia uma garoa, mas não chovia. Navegavam. 
Eu falava, dizia coisas que nem sei dizer o que era. Um sem fim de pensamentos projetados pela voz aguda e melodiosa. Ele ouvia, atento, mas apreciando aquele cenário natural. Quando desejou, me perguntou algo, interrompendo o fluxo de pensamentos tagarela, que é tão comum em mim. Não entendi: o vento soprava forte, tinha uma distância entre nós e o tom baixo e grave da voz dele, tudo me impedia de saber exatamente o que ele perguntava. Ele repetiu, eu não ouvi, desistimos. Isso me levou a olhar melhor a tal paisagem, os olhos calaram os pensamentos e a voz, o silêncio se instalou. 
Um tempo se deu. Muito? Pouco? Não se sabe. Resolvi olhar para o lado, vê-lo. Mas ele já não estava mais lá. Nem ele, nem a parte da pedra onde ele estava sentado. Pensei que se ele me convidou para estar ali, ele devia saber para onde seguíamos. Mas a pedra seguia independente e eu não senti nenhuma espécie de ansiedade. Aproveitei e permaneci admirando aquilo tudo, sentindo a brisa fria e a impressão imparcial da água. De repente a pedra colidiu com outra pedra. Resolvi parar num dado momento, parecia uma espécie de porto. Me ergui na pedra, parada, como que ancorada, e esperei pela chegada dele. Me apoiei em uma outra pedra, tipo um pier, era firme, fixa, ligada a outras. Ali tinham mais pedras, grandes, era um continente. Poucas pessoas sentadas, esperando, eu em pé, na pedra firme, segurando a pedra solta, em que eu vinha navegando. Olhei para o mar e vi uma outra rocha grande, essa também deslizava. 
Ri. Tudo era muito curioso, as pedras eram embarcações e as pessoas andavam pela água, subiam e desciam e não parecia que o mar fosse um impedimento para embarcarem. Nessa hora percebi que ele estava lá, ao lado das pessoas que esperam, sentado, olhando apreensivo. À espera também, mas de mim. Soltei a pedra, que agora tinha uma gramínea verde em seu topo. Fui até ele. Ele me olhou e seu rosto refletiu alívio, mas não disse nada.Pensei: ele é assim, finge indiferença. Saímos juntos dali, agora caminhando pelas pedras.'
... então eu abri meus olhos e despertei.

Produzido em  17/04/2020

Morpho

                                                                                                     Por Régis Garcia

Eu vi um sonho assim


Então eu abri meus olhos e despertei

Aeroporto 2020


Por Fábio Dal Molin

Eu vi um sonho assim

Estou sentado na poltrona de um avião e ele está chegando em Porto Alegre, não sei de onde venho, apenas que odeio voar nessas máquinas anacrônicas e explosivas. As manobras de aterrissagem iniciam, estou sentado na janela próxima a turbina e noto que a aeronave não se aproxima do aeroporto, e sobrevoa o centro da cidade entre as colunas do viaduto da conceição entre a Volintários da Pátria e a Rodoviária, O viaduto parece um emaranhado de colunas e asfalto. O avião arremete e retorna ao ar, e um silêncio mortal impera no rádio, não há tripulação e nenhum tipo de comunicação com os passageiros.
O avião dá voltas e voltas e tenho lampejos de visão da cabine e posso ouvir os pilotos falando em pouso forçado. Eu penso “como vamos pousar aqui? O avião deve estar sem combustível ou o não há lugar para pousar, Estou na janela e próximo a turbina.
Não há nenhuma explicação da tripulação.
Eu fantasio que vou morrer e que essa é uma maneira ridícula e estúpida, tenho visões do acidente aéreo e da turbina explodindo ao meu lado. O sentimento de morte inunda o sonho como o ar pressurizado.
O avião está cada vez mais próximo do emaranhado do túnel da conceição;
“Que irônico um avião descer na rodoviária” é a ideia ridícula que passa na minha cabeça.
Por fim pousamos na saída do Tunel em frente a rodoviária.Antes de descer converso um pouco com dois homens sentados ao meu lado que parecem entender de aviação, eles usam uniformes militares. Eles tentam explicar o que aconteceu e a total incompetência do piloto.
Após descer do avião me dirijo ao setor de desembarque da rodoviaria, que parece um setor de embarque do aeroporto para procurar minha mãe que estava no mesmo vôo.
Ali está ela sentada me esperando.
Então eu abri meus olhos e despertei

domingo, 17 de maio de 2020

Cuidado

                                                                                              Por Antonio Valente


Eu vi um sonho assim

Eu havia recebido uma significativa quantidade de cédulas de dinheiro em dólares. Não sei a origem delas. Mas, arrumei-as todas em maços, bem cuidadosamente, em várias caixas de papelão, como aquelas que vinham antigamente embalando as camisas masculinas.
Depois, guardei-as todas, escondi as caixas num roupeiro, por incrível que pareça.
E elas, algum tempo, depois desapareceram por completo.
Meu desespero é que havia perdido um quantidade considerável de dinheiro, irremediavelmente. 
Nesse sonho, eu morava ainda na casa dos meus pais. Imaginei que alguém tivesse entrado lá e descoberto o meu tesouro.
Mas depois de muita aflição, descobri que foi minha mãe, preocupada com a minha falta de cuidado, trocou as caixas de lugar, escondendo-as.

Então eu abri meus olhos e despertei

Montanha Fractal




                         Por Fabio Dal Molin
Eu vi um sonho assim
Estava em uma casa que ficava em uma praia com rochedos imensos, areia grossa e o mar da cor marrom. Um dia frio e nebuloso. Eu flutuo pelos cômodos e salto para cima até uma altura onde à possível ver a casa, o mar em fúria e as montanhas da costa. As ondas ficam cada vez maiores e eu vôo entre elas o mar de ondas barrentas invade a praia e faz muito frio,
Então percebo que há outro mar revolto e marrom escuro por trás das montanhas e suas ondas imensas avançam na minha direção.
Tenho a impressão que estou dentro de um fractal mar em fúria- casa- montanhas-mar em fúria casa-montanhas...Até o infinito como dois espelhos frente a frente em uma escala geológica
A água irrompe o cenário e tudo agora parece ser uma imensa inundação

Então eu abri meus olhos e despertei

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Sonho de Maria Rita 2

                                                                                                            Por Maria Rita

                           
Eu vi um sonho assim



Então eu abri meus olhos e despertei

Templo budista?

                                                                                          Por Raquel Bonatto


Eu vi um sonho assim
Estávamos eu, minha prima e minha mãe em algum lugar que parecia um tempo budista. Lá, haviam budas e seus vários símbolos de mãos, haviam nas paredes escritos orientais, sons de cachoeira e a luz do sol quase me cegava aos olhos.  Também  dragões enormes (em forma de bonecos) andando pelo lugar... apesar de nunca ter ido a um templo budista De repente  minha mãe me diz, me pegando pela mão: vamos ali ver o  lado mais bonito é importante desse lugar. E fomos caminhando por um campo, um lugar enorme, cheio de árvores e galhos e durante o caminho, eu ia observando bichos peçonhentos, escorpiões de garras das cores vermelho e roxo, e só de cor vermelha também... e entao depois de muito assustada perguntei pra minha mãe: “tu não ta achando tudo muito estranho? Tu não tá com medo?”  E ela disse: “ por que maninha”? Está tudo como tinha que ser. (meu apelido desde pequena é “maninha”.
Mas o pior realmente ainda estava por vir: chegamos em uma casa onde só haviam pessoas com 4 pernas, 2 cabeças, quatro braços, tripas pra fora e pés que tinham garras... assustada, perguntei: tu não tá vendo o que eu to vendo? Essas pessoas me dão me medo! 

E minha mãe me disse: raquel, eu não entendo o que demais tu estás vendo...

Então abri meus olhos e despertei 







sábado, 2 de maio de 2020

Rocket man e os três caixões






Eu vi um sonho assim

Eu e meu irmão mais velho José Eduardo estamos em um enterro. O lugar onde a cerimônia está acontecendo é muito limpo , parece um corredor enorme com paredes brancas e o piso é de madeira encerada a ponto de refletir a imagem do teto. Parece uma das capelas do Crematório Metrolitano, luxuosa, com frigobar e máquiina de salgadinho, recém-construída como símbolo da necropolítica, da morte lucrativa, da gentrificação dos lamentos.
Eu vejo três caixões brancos de madeira lado a lado. Meu irmão pergunta quem está neles.
Eu consigo ver meu pai dentro de um dos caixões e isso faz com que eu sinta muito medo, um aperto no peito, como se o ar fizesse pressão sobre meu corpo. Meu pai está morto há muitos anos e agora ele está ali dentro de um sarcófago nem vivo nem morto.
Eu vejo o corredor comprido que parte dos caixões e a gravidade me empurra como se eu fosse expelido do sonho.
Lembrei que hoje no carro escutei a música Rocket Man do Elton John e como eu gostaria de ser o homem foguete e fugir do mundo para uma outra galáxia livre do medo


Então eu abri meus olhos e despertei
















sexta-feira, 1 de maio de 2020

Sonho de Maria Rita



Eu vi um sonho assim



                                                                                           
                                                                             Então eu abri meus olhos e despertei

Interruptor

                                                                                                                       Por Fábio Dal Molin




Eu vi um sonho assim


Acordei de madrugada para tomar água. Não é o meu apartamento, parece uma casa bem grande, cheia de quadros, mobília vintage, arquitetura moderna. As luzes estão acesas e há vários interruptores distribuídos pelas paredes.
Tento apagar a luz da cozinha mas o interruptor acende uma lâmpada que está  no vão de uma escadaria. Há alguns lances de escada visíveis que chegam até um mezanino com um teto de vidro e até lá há lustres, abajures e luminárias
Vou testando todos os interruptores e teclas que encontro e as luzes apagam e acendem aleatoriamente.
Resolvi desistir e voltar a dormir


Então eu abri meus olhos e despertei

Lembrando de Waking Life

https://www.youtube.com/watch?v=T2NRZ6uS9ws

De volta

                         Por Julio Porto

Eu vi um sonho assim


Pois sonhei essa noite que tinha voltado pro Batista (mas não era o mesmo lugar). E tinha que fazer uma prova de Quimica (pesadelo). Era só uma pergunta (muito parecido com o tema de casa que ajudei a minha filha a fazer na tarde anterior), num papel quadrado pequeno. Só que empaquei na hora de preencher os dados: não sabia o número da minha turma. Enquanto todos faziam a prova, saí andando tentando descobrir, perguntando, entrando em salas, encontrando pessoas. Desisti, voltei pra classe pra tentar responder, e aí recolheram a prova pois tinha acabado o tempo. Pensei "vou tirar a zero, a média vai baixar muito, será que vai ser o suficiente pra eu rodar...?" E me deu uma certa ansiedade/angústia. Mas durou muito pouco e pensei "grande merda, azar". Fim