sábado, 27 de março de 2021

Viagem

                                                         Por Filipe Dornelles Ferreira


Eu vi um sonho assim 


Estava na casa onde moro fazendo alguma coisa. E em alguns instantes, mais precisamente, em um piscar de olhos

me encontrava a kilometros de distancia. Acordava, ou assim parecia, e levantava-me de uma cama rústica. Ao que posso

expressar melhor o cenário que me encontrava, era muito semelhante a uma cabana de madeira, 

com madeiras já desgastadas mas ainda firmes. Os vãos entre as madeiras - colocadas de maneira horizontal - expunha

os grande vãos entre elas. A cama estava muito proxima ao chão e o quarto parecia com pouca ou sem iluminação. 

Muito se parecia com um galpão gaucho transformado em casa.


Olhei para fora por entre os vãos, e percebi que a grama estava nevada. O medo me veio, pois temia que o vento

frio entrasse pelos vãos. Notei que não era o brasil,estava muito longe de casa. 

Era o Chile. Um mapa mental do continente sul americano apareceu e situou geograficamente - 

de uma forma muito instintiva - o lugar entre o que era pra ser o paraguai, bolivia e chile. 

 

Era anoitecer aparentemente. Fui a sala, e ali estava um fogão a lenha e outros móveis da casa. Algumas janelas estavam 

fechadas. Parecia quente em comparação ao quarto. 


Nesse momento encontro a residente da casa. Uma menina que conheci e que resolveu se mudar da casa dos pais

ou sair para longe. Havia conseguido algo diferente que motivou tal mudança de residencia. Ao que lembro, quis voltar

para perto dos pais. E então havia se mudado para esse lugar. Ela estava se ajeitando apos mudança acredito, e a minha 

presença não pareceu incomodar, apenas levantar um leve questionamento - ambos da minha parte e dela -. 


Primeiro me questionei racionalmente como havia parado ali. Sendo que a segundos atrás estava em outro lugar. Tanto ela

como meus pais, que por algum motivo estava em contato com eles, não sabiam dizer. Eu mesmo não sabia dizer como me 

transportei. Como cheguei ali? vim de carro? vim de onibus? 

Uma especie de angustia por não saber o que fiz para chegar ate ali, uma certa lacuna, um vazio que não sabia explicar. 

O sentimento de falta de controle sobre o que aconteceu era forte. 


Em seguida, voltei a atenção para fora. Alguma coisa fazia barulho lá. 


Ela pegou a arma - um revolver encostado na parede - e me direcionou uma garrucha aparentemente antiga demais e sem muito

efeito potente. Fiquei decepcionado por restar-me somente a garrucha. Mas receoso com que algo invadisse. 


Ficamos em alerta. O som parou, sumiu. Não por muito tempo a sensação de algo saindo do breu fora da casa toda suscetivel

a um ataque, se fez voltar. 


Me encaminhei para uma porta do quarto que estava totalmente aberta. Indignado, fechei a porta

com medo, olhei novamente para fora e era uns uns 10 metros até um conjunto de arvores e ali estava uns animais, porcos 

agressivos, cachorros algo que rondava. 


Nao lembro claramente o que acontece e agora me encontro em algo parecendo ser miami no entanto no lado de cá da fronteira

estando eu a ver as siluetas dos prédios altos e espelhados da cidade. O lado de cá da fronteira era diferente parecia 

desfavorecido e "cru" em relação ao de lá. 


Então eu abri meus olhos e despertei.

O homem é uma geografia

                                                                   Por Boladão


                           
Eu vi um sonho assim

O homem é uma geografia

Na infância eu vi o asfalto

Nu e cru

Poeira que sobre

Chuva que molha

Carros que passam incessantemente

Caos e sangue

Mas sempre sonhei com o mar

Sonhei com  os biomas da minha terra

Com as terras de minas gerais

Árvores retorcidas, estradas de reis e escravos

Igrejas barrocas e persongens heréges

Porém ainda sonho com o mar

Nascer é traumático

O mar é belo, mas tem seus mistérios

O mar é belo para quem sabe navegar

Navegar não é preciso, é preciso sonhar

Eu caminhei pela estrada real

Fui de Ouro Preto a Paraty

Pisei nas ruas tortuosas de pedra sabão

E me banhei no oceano atlântico

Eu e minha mãe

Caminhamos juntos sempre

Mesmo estando separados

Cada movimento de minha mãe

Eu segui

Já fui professor e já fui bebâdo

Já fui bibliotecário e assaltante

Ainda me lembro da biblioteca fascinante

Onde mamãe trabalhava

Onde as estantes entortaram

Pelo peso da cultura

Eu li o velho e o mar de Hemingway

Fomos para o litoral minha mãe e eu

Bebemos juntos

Compartilhamos a falta que há em cada ser humano

Em copos de cerveja, com riso e choro

Mãe eu sempre percorri teus passos

Por mais que eu tentasse me afastar de ti

Me espantei pela teu fúria

E fui feroz

Me espantei com teu brilhantismo

E tentei ser brilhante

Hoje olho para os teus olhos

Cor de mel, alegres mesmo diante de tanta dor

Mamãe e eu entendemos bastante do real

Entendemos bastante do absurdo

E compreendemos que o tempo é um relógio de Dali

Mãe tu decolou, voou para longe

Banhou-se nos mares da Bahia

Mãe tu é o meu espelho

Uma vez percebi em ti a figura do demônio

Que cada um carrega dentro de si

Hoje vi a heroína

Atena

Eu vi a mulher que se reinventa

O feminino é o que mais se aproxima do mar

Que mais se aproxima de DEUS

Mamãe eu sempre fui ulisses as avessas

Cansei de Ítaca e quero desbravar todos os oceanos

Então abri os olhos e despertei.

Uma realização

                                           

Por Alerkina




Eu vi um sonho assim,

Pessoas me perseguindo, e eu corria e pulava por cima de casas, uma coisa muito louca, e chegava em determinado ponto eu parava em cima de um telhado e escutava uma criança me chamando , e ela chamava mãe eu olhava e fazia um sinal de silêncio, rolava no telhado descia onde estava essa criança, era um lugar aberto, eu pegava ela e sai dando saltos e eu de um desses telhados eu avistava um campo muito grande, com grandes árvores e árvores floridas como se fossem ipês, e sem pensar eu me jogava em cima daquelas árvores, e eu virava um pássaro e sai voando voando, com a criança embaixo do braço muito, louco por aí se foi até para em um local onde eu morava a pouco tempo, quando percebi que não era mais seguida , desci com a criança parei em um hortifruti e comprei uma maçã para comermos, mas de repente avisto pessoas em formas de gato, e então corro de novo para voar, voei e o gato deu um pulo e me pegou.




Então eu abri meus olhos e despertei.

Avós

                                                                                Por Sandro Torma


Eu vi um sonho assim

Vinha eu andando por um campo, me parecia familiar este campo, me lembrei de onde conhecia, era os campos dos meus avós, que quando eu era criança e até início de minha adolescência eu ia passar minhas férias...mas agora não me vejo mais como criança, já sou como sou, um homem adulto e com a idade que tenho, e vejo meu avô vindo em minha direção em uma bicicleta nú, ele estava completamente nú, e me pergunta o que eu estava fazendo ali, e eu respondo, que estava procurando minha avó, e ele me responde, ela não está aqui! Mas eu sentia que ela estava sim, mas mais pro meio da mata, e nisso eu também me sinto nú...me sinto desconfortável, mas não sinto vergonha, e sigo andando por uma estradinha mato a dentro...mas não encontro minha avó, e também não vejo mais meu avô, sinto um dor no peito, pois tive a consciência
de que ambos estavam mortos...e estão..



Então eu abri meus olhos e despertei

sexta-feira, 19 de março de 2021

Invasão

                                           Por Filipe Dornelles Ferreira


Eu vi um sonho assim


Estava no apartamento de uma menina conhecida. Estavamos eu e um amigo músico. Aparentemente havíamos invadido o lugar enquanto a família viajava. Lembro vagamente que estávamos com a TV ligada, porém, se era um jogo de videogame que estava rolando ou simplesmente algo passando na TV. 

Era noite e por algum motivo comecei a ficar nervoso que eles chegassem. Não por menos em alguns instantes ouvi barulhos e eram justamente eles. 
Resolvemos sair pela parte dos fundos do apartamento, um tipo de corredor com porta que saía da cozinha e dava para o corredor do prédio. 

Lembro-me de ter conseguido sair, enquanto eles entravam pela porta da frente. A situação no entanto era a seguinte: a porta de saída dos fundos era paralela a porta da frente, portanto, ao momento que eles estavam entrando na casa, bastou um olhar para o lado para ver dois sujeitos saindo da mesma. 

Após um ataque colérico do "pai da familia" o mesmo pressiona e nos encurrala na parede. Havia uma pequena aglomeração de pessoas que não faço ideia se eram da família ou do prédio que vieram orientadas pela confusão. 

Por fim, o pai diz que iria chamar a policia e mandar nos prender. 
Nesse momento adquiro uma forma de consciencia no sonho e realizo que não posso ser preso.

Então abri meus olhos e desperte

Berço vazio

 

                                                                             Por Ayrton Yuri Alves Souza

Eu vi um sonho assim:



Um pai, a mais de 800km de distância de seu filho.
Ele havia juntado todo seu recurso financeiro para visitá-lo, cansado de esperar a decisão da justiça, levou seu filho para sua cidade Natal.
A criança se divertia muito, o pai também. 
A imagem do pai e do filho passam a se fundir, já não dá mais para reconhece-los, mas o semblante era de felicidade, de alegria e completude.
Ao fim do dia esse semblante passa a se dividir, tornam-se dois e ambos estão triste, o filho voltou e o pai passou a lamuriar sua falta.
Nenhum ombro amigo ou parente por perto escutava seu pranto, seu filho muito menos, não havia mais nada ou ninguém ao redor, a não ser o berço vazio.

Então eu abri meus olhos e despertei.

Sonhos

 

                                                       Por Sandro Torma


"Eu vi um sonho assim":

Então volto a lembrar  dos meus sonhos, por duas semanas isso não estava acontecendo..
.Nesta noite sonhei que estava na minha antiga casa que morava com meus pais quando criança, era um casa pequena, não tinha luxo, em um determinado momento estou no quarto, meu quarto, mas eu não tinha um quarto nesta casa...mas no sonho eu tinha. O que vejo então, vejo minha mãe entrando e pegando alguns papeis e ela falava que não eram meus nem de meu irmão o que ela encontrara, nisto olhamos embaixo da cama, e estava o ex marido da irmã dela, que estaria à espreita para roubar nossa casa, nisso minha mãe pega uma arma e dá um tiro nele, causando a sua morte.



"Então eu abri meus olhos e despertei"

Vida e morte sob o céu magistral das Plêiades

                                                        

Por André Luis Corrêa da Silva




Eu vi um sonho assim, um homem branco de vestes claras, cabelos curtos e ralos, barba e bigode de poucos centímetros dando mais a impressão de escolha do que desleixo, ele apareceu do nada e me perguntou se eu queria ver coisas que sempre tinha imaginado existir, mas que jamais nem no mais delirante sonho poderia realizar, me convenceu a embarcar em uma viajem que eu não conseguia saber como se daria, ir para o espaço e visitar um mundo distante. Em seguida me vi em um dispositivo passando por túneis dimensionais, eu fiquei espantado com cores que eu nem sabia que existiam e a uma velocidade impressionante, eram cores e imagens tão intensamente percebidas que embora não sentisse calor nem frio podia ver fragmentos de luzes que me pareciam ser estrelas, nebulosas vistas em um prisma. O dispositivo parecia feito de um material transparente porque tudo o que ocorria no exterior era visto, mas não era sentido no seu interior. Viajávamos a uma velocidade indescritível e para minha surpresa paramos instantaneamente, sem que nenhuma lei conhecida da física fizesse sentido. Ficamos voltados para um conjunto de estrelas brilhantes das quais se destacavam sem dúvida o Cinturão de Órion. Ele parou, enquanto, tínhamos essa visão clara e deslumbrante de Órion e disse: “parei aqui porque sei que tu gostas de olhar para Órion as noites, linda, não? Mas não é o que quero te mostrar!”, a seguir voltamos a viajar em outro túnel super colorido, de imagens hipnóticas! Ele disse que o destino final da viajem estava nas Plêiades, apontando ainda quando era possível discernir cores e imagens, uma miríade confusa de luzes, estrelas em profusão e nuvens ocres como gases primordiais espalhavam-se a distância. Paramos tão repentinamente como da primeira vez, agora pairando sobre um planeta parecido com a Terra, uma Terra 1,5 ou 2,0 e um sol maior e azulado. Eu estava tão ansioso pela viagem que procurava sempre guardar o máximo de informações possíveis do que via, uma das primeiras coisas que me chamaram a atenção foi o fato de que esse planeta tinha menos mares que o nosso e que a terra era na grande maioria cor de areia, imaginei muitos desertos, também percebi poucas nuvens na atmosfera que possibilitavam ver mais claramente a superfície.

Pairamos algum tempo sobre o planeta e ficou claro pelas falas de meu ilustre condutor que era um planeta moribundo. Logo após em grande velocidade entramos na atmosfera e desembarcamos tranquilamente na superfície enquanto ele ficava explicando que o planeta estava de fato colapsando e me mostrou alguns seres que ainda sobreviviam lá. O local visitado guardava semelhanças com alguns encontrados na Terra, tinha um lago de considerável tamanho no meio do que parecia um deserto, como se fosse um oásis da Terra, nas margens haviam prédios feitos com um metal que não reluzia, era ocre e dali saia de vez em quando algumas naves que pairavam no ar e desapareciam em velocidade para diversas direções. Eu fiquei olhando ainda com a preocupação de reter na memória o máximo de coisas que pudesse, pois pensava que era uma experiência indescritível conhecer outro mundo e queria lembrar tudo. Inquieto e cheio de dúvidas, tudo o que eu pensava em perguntar era respondido antes por aquele que me havia convidado. Senti que era capaz de ler meus pensamentos e considerei que eram tão óbvios que não provocavam surpresa neles, às vezes, as respostas me faziam sentir como se me visse como portador de certa ingenuidade.

Um exemplo claro disso foi quando eu olhei para a outra margem do lago e percebi que havia tipos de moradias e seres que as habitavam e viviam de forma muito diferente daqueles que habitavam os grandes prédios de metal desconhecido, ainda assim também não sei qual o material que utilizavam para suas residências, exceto que tinham a mesma cor dos prédios, não era nada parecido com o que temos na Terra, talvez em termos de mera e insuficiente comparação pudesse citar o ferro oxidado, mas não era o caso. Nessas residências havia habitantes, humanóides, tipos diferentes de nós, menores, pele num tom amendoado ou acinzentado, olhos graúdos e expressivos, olhos que faziam com que eu ficasse levemente tentado a olhá-los fixamente. Produziam um efeito de admiração e confiança. Tamanha me parecia às diferenças entre as duas margens do lago que eu pensei na hora nas desigualdades sociais que vemos na Terra e que sempre acreditava que um planeta intelectualizado tinha eliminado isso, mas nem perguntei e ele olhou para mim e respondeu: “porque tu achas que outros planetas seriam diferentes do teu! Eles estão morrendo, mas nem percebem, os poderosos daqui só conseguiram comprar o direito de serem os últimos a sair e com muito sofrimento”. Nesse momento andava entre pequenas dunas que separavam os dois mundos, eu seguia atrás e tive tempo de vê-lo olhar para trás enquanto me respondia uma pergunta apenas pensada.

Eu fiquei um tempo enorme olhando tudo e coletando informações, mas ele me disse que aquilo já não importava mais e me levou até a beira de uma praia enquanto era acompanhado por alguns outros seres daquela espécie. Fomos até a beira mar de uma praia diferente, incrível, o mar era muito agitado, as ondas quebravam distantes, os vagalhões chegavam até a beira mansamente, não tinha areia alva como as mais lindas da Terra, era como se fossem pedregulhos na praia, como se fossem os seixos de um rio. Olhei para o horizonte e vi que ali se erguiam enormes estruturas, gigantescos e estreitos monólitos, como paliçadas espetando o mar cuja água não me parecia em nada diferente com a vista em nossos mares. A visão era tão exuberante, tão majestosa que eu fiquei pensando se eram naturais ou construídas por aquela civilização da qual restava pouco, senão ilhas de prosperidade pontuadas por crueldades e injustiças não sanadas, apesar de todo aquele avanço. Enquanto conversavam formando um meio círculo a alguns passos de mim, eu insistia em tentar entender a natureza daquelas monumentais e retilíneas montanhas que se erigiam do mar, constatei por fim que devem ter sido erguidas para conter o mar e produzir um tipo de contenção. Fosse para isso o objetivo ali foi atingido, pois as ondas que chegavam até a praia eram pequenas e controladas se comparado com a força com que colidiam com as construções visíveis e invisíveis à frente. Era quase irresistível olhar para aquela cena, pouco acima do horizonte um sol azulado, aparentando um pouco maior que o nosso brilhava, mas a noite não era intensa porque tinha outra estrela que não tão distante provocando um efeito de lua cheia. Atravessando toda a abóboda celeste eu pude ver o que parecia uma estrada de estrelas e um colorido enorme. Definitivamente o céu noturno era muito mais bonito que o da Terra. Era possível ver o céu profundo, nuvens de gases e uma intensidade vívida nas estrelas, uma profusão gigantesca delas, miríades e miríades de estrelas.

Que belo entardecer, anoitecer naquele planeta não tinha uma noite tão profunda, como as nossas noites sem lua.

Demorei admirando esse espetáculo, mas discretamente os seres reunidos em torno daquele que havia me convidado chamavam minha atenção. Entendi que havia excedido para eles toda aquela beleza não chamava tanto a atenção frente à importância que davam para o que estava sendo tratado. Percebi que era sério, houve silêncio quando me aproximei, muitas coisas foram ditas pelo senhor de vestes claras enquanto os outros apenas ouviam e concordavam em silêncio. Depois de tantas coisas ditas sobre aquele mundo e aqueles seres ele me disse que o motivo de eu estar ali também não era esse e sim me apresentar um ser, nisso uma pequena fêmea daquela espécie saiu do meio dos demais. Eu a cumprimentei da forma como fazemos na Terra, estendi a mão e ela estendeu a dela, senti a pele diferente, mais áspera, mais firme. Os olhos enormes e hipnóticos transmitiam sinceridade e em torno dos olhos havia o que parecia tatuagens geométricas, como triângulos isósceles numa cor que me lembrava o azul metálico e que contrastava com a pele. Ele lhe apresentou pelo nome e me disse que precisa de mim para uma tarefa muito importante, enquanto vários desses seres contemplavam e esperavam pela minha reação. Ele disse precisava que eu recebesse ela na Terra e a ajudasse, porque ela era muito importante e estava ali para ajudar aquele planeta, mas não havia mais nada a fazer e que a Terra ainda tinha tempo e muitos como ela estavam sendo enviados. Na hora pensei em uma imigração em massa e que os habitantes da Terra não veriam com bons olhos, mas não senti nada além de vontade de ajudar, na verdade, senti que era ela quem vinha para ajudar e me dispus a ajudá-la. Lembro de ter ficado lá ainda conversando e trocando idéias, perguntando coisas sobre eles, sobre o mundo deles, mas dessa parte lembro vagamente. Mas a impressão que tinha era de tratar-se de algum tipo de referência, alguma liderança em alguma área, era pequena, mas apesar disso transmitia muita autoridade, não saberia dizer se era uma liderança política, uma militante de uma luta travada naquele mundo distante ou ligada à ciência. Naquele momento não sentia como se estivesse dormindo, mas sim em transe, então eu abri meus olhos e despertei. www.morphonautas.blogspot.com







A concessão

                                                               Por Patrícia Louzada


Eu vi um sonho assim

Num prado sem fim.
A vegetação, rasteira, vai até o horizonte, e acaba numa neblina espessa, sólida, pálida.
Um silêncio natural. Fico ali parada, hipnotizada pela neblina, aquela parede azulada lá no fim de tudo, que encanta e oprime mesmo de longe, só por existir.

Perdida em meus devaneios sinto a rajada do vento, fresco e suave a princípio, passando por mim preguiçosamente.
Move meus cabelos e me causa um arrepio, como se nesse ventar houvesse um presságio que eu desconheço.

O vento, gelado agora, busca desesperadamente algo onde ressoar, pois só percebe-se vivo quando ouve-se alto.
O vento, agora frio e rascante, aumenta sua velocidade em angústia, de forma a soar por entre a mísera relva, mas sem efeito.
Me atinge em cheio nos cabelos e nas roupas, mas sem efeito. Eu me encolho, quase sumo, para evitar suas lufadas.
Desgovernado, o vento alcança a neblina que, como uma presença viva, o absorve em largos goles, sem emitir um som sequer.

Enrolada sobre mim mesma, testemunho a agonia do vento, percebo seu desejo de existir, sua tristeza e sua dúvida, sua forte angústia… é desolador...
Não suportando mais, ergo-me do chão e grito a plenos pulmões, braços abertos e olhos fechados. Deixo que o vento me sacuda, não resisto.
Cúmplice.
Sinto-me erguida no ar para depois ser pousada no chão, suavemente. Faz-se uma brisa suave com cheiro improvável de flor. Cúmplice.

Penso: só o que existe, vive.

Então eu abri meus olhos e des
perte

quinta-feira, 18 de março de 2021

A cidade sem nome

                                                                          Por Fábio Dal Molin


Eu vi um sonho assim


Eu viajei de carro para uma cidade que fica na fronteira do Rio Grande do Sul, mas não consigo precisar qual. Nesta cidade minha universidade, a FURG, tem um campus  fora de sua sede. Eu acho estranho, afinal, que eu saiba, a FURG tem campi em Santo Antônio, São Lourenço do Sul e Santa Vitória do Palmar, além de Rio Grande.

Chego no amplo e espaçoso prédio da Universidade e sou recebido por uma colega, e falamos da minha transferência para esse campus. Eu fico imaginando como havia chegado ali, e por que eu seria transferido para um lugar tão longe, se abririam uma nova vaga  e um concurso, pensei em amigos que poderiam me substituir. Sou levado a uma visita e conhecço auditórios, salas de aula, escriitórios.

De repente estou no estacionamento do campus, está frio e estou sem meu casaco, e sem camisa. Penso em entrar no prédio para pegar minha roupa,  ou em voltar para casa para fazer a mudança

Estou sendo transferido de campus, mas não sei o nome dessa cidade, se ela realmente existe.


Então eu abri meus olhos e despertei.

segunda-feira, 15 de março de 2021


Labirinto

                                     Por Julia Rohr

 

Eu vi um sonho assim


Imagine-se preso em um labirinto, sem noção do tempo, apenas buscando desesperadamente uma saída.

Um labirinto de altos e baixos, formado por escadas e portas, verticais e horizontais. Às vezes você está em cima, outras vezes em baixo.

Em cada canto, flashbacks de sua própria vida e pessoas cujos rostos residiam nas partes mais profundas da sua memória o aguardam.

Você é forçado, em sua ânsia por liberdade, a abrir portas das quais pode se arrepender e em todo esse emaranhado, você enfim encontra a saída.



Então abri meus olhos e despertei


sexta-feira, 12 de março de 2021

Um sonho de classes

                               

Por Isadora Garcia




Eu vi um sonho assim


Estava junto com a Karol Conká, e ela me convidou para visitar um prédio novo, que ficava em um bairro nobre, era uma espécie de hotel. Esse hotel era muito caro e chique, e somente pessoas ricas poderiam visitá-lo.

O funcionamento do hotel era o seguinte: em cada quarto do hotel havia hospedado um jovem periférico, negros na maior parte, e o rico podia pagar para dar lição de moral nele, lançar qualquer discurso que quisesse. Muitos diziam para eles pararem de ser bandido.

Para os ricos, era uma forma de eles sentirem que estavam fazendo o bem, de se gabarem em sua soberba e sentirem que estavam fazendo caridade, ou apenas destilar seu ódio racista e seu desprezo de classe.

Já os jovens aceitavam o emprego pois precisavam do dinheiro para ajudar a família, e ouviam cada discurso dos brancos ricos com um olhar que parecia vazio, mas não era um olhar conformado. O olhar escondia raiva e indignação.



Então eu abri meus olhos e despertei

Os Zumbis e a Pandemia

                                                               Por Isadora Garcia




Eu vi um sonho assim


Estava na casa de meus avós, no campo, uma casa em que passei muitos momentos felizes na infância. Lá estávamos eu, minha mãe e meu pai, e zumbis. Mas não eram zumbis comuns, eram zumbis da COVID-19, e no sonho a doença era transmitida na clássica forma que essas criaturas transmitem seus vírus nos filmes, através de mordidas, com o contato do sangue deles com o nosso.

Eu e meus pais corremos pelo corredor da casa para nos escondermos em algum dos quartos, fugindo dos zumbis. Meus pais são separados há quase 5 anos, mas no sonho era como se fôssemos a família unida de antes - o tempo do inconsciente é outro, mesmo.

Fugimos mas sem fazer muito barulho, porque o barulho atraía os zumbis. Conseguimos entrar num quarto, mas a porta do quarto era uma porta pela metade, nos separando apenas parcialmente dos zumbis. Tínhamos que ficar em silêncio, mas em meio a alguns sussuros uma das zumbis ouviu e entrou no quarto seguindo o som, e foi em direção à minha mãe. Ela pegou seu braço e tentou atacá-la, e eu me meti no meio, sentindo pavor, desesperada, com medo de ela se contaminar, com medo de ela morrer.

Não muito diferente do que sinto na vida real.

Então eu abri meus olhos e despertei

Sonho 1

 

                                                            

Por Antonio Carlos Cortês

Eu vi um sonho assim

Eu sonhei que estava em megaevento de empresas em que cada apresentava com recursos avançados de tecnologia seu portfólio.
Ao final venceu a mais modesta, para frustração geral dos concorrentes. Teve quebra-quebra ao saírem.
Busquei proteção pois gostei da decisão dos avaliadores.


Então eu abri meus ohos e despertei

Na Praia dos Ossos ou na Ponta da Praia?

                                                          

Por Patrícia Fagundes

Eu vi um sonho assim

Estou em uma praia muito parecida com uma praia que visitei no ano de 2017 no Espírito Santo: a Praia da Concha. Era um fim de tarde e no sonho éramos três pessoas: meu namorado, eu e uma arqueóloga que guiava nosso passeio. Ela nos mostrava uma quantidade imensa de ossadas que foram descobertas nesta praia. Não se sabia ao certo o porquê daqueles ossos estarem ali, apenas que havia se tornado um Patrimônio Histórico. A sensação era de angústia por não saber a procedência daqueles ossos que um dia haviam sido contornados por carne, dando corpo a tantas vidas. Ainda que tomada por um mal estar, havia uma brisa fresca balançando meus cabelos e o sol levemente alaranjado a se pôr no céu. Vendo a cena de fora, a imagem da arqueóloga se confundia com a minha. Afinal, quem era eu em meio aos ossos?

Então eu abri meus olhos e despertei.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Sonho da Picada

                                       Por Filipe Dornelles Ferreira


eu vi um sonho assim


Sonhei que estava em Florianopolis na casa ou residência de um casal de amigos que, quase como uma tradição todos os anos ia lá visita-los. 

Não me recordo em qual contexto estava, provavelmente férias; Era noite, madrugada acredito, e parecia calor. 

Típico calor de verão mas que na madrugada parecia morno com algum tipo de brisa marítima. Um calor que parece uma lembrança

Além das impressões dessa cena o que me recordo é a plena imagem - marcada 

até agora - de um amigo com uma seringa a tirar sangue de mim. Em primeiro momento era Matheus, em seguida, outro.

Não me recordo, mas sei que não vinha ser o mesmo. A situação envolvia prioritariamente um ato voluntário. Não era forçado,

não fui obrigado. Fiz por algum motivo, talvez alguém precisasse. O que importa é que fui furado varias vezes, uma delas a agulha entrou toda na minha mão, num ato descuidado meu e da pessoa que furava. Não senti nada, apenas o pensamento de não ter doído. Aquela estranha noção que se sabe que é um sonho. Em seguida na última, meu amigo queria furar-me entre os dedos - precisamente entre o anelar 

e o mínimo -. Aí então recordo da sensação de angustia, antecipando uma extrema dor de ser furado nos vãos dos dedos. 

Sensível. 

Sonhei mais coisas, mas de nada isso importa, pois, nunca havia sido furado na mão.  

Então abri meus olhos e despertei.


Sonho recorrente

 

                                                        Por Julia Rohr

Eu vi um sonho assim:

Estou serena
Estou em paz
Em pleno coração de um antro de ruínas
Onde o tempo deteriorou tudo o que existiu
Porém o céu permanece límpido
E no horizonte, pessoas indo em sua direção
Com seus semblantes eclipsados por véus brancos
A carreira some pouco a pouco
entretanto permaneço onde estou,
observando e sentindo o frescor.

Então eu abri os olhos e despertei.

Sonho!

                                                            Por Fernando Senna


Eu vi um sonho assim:

Me pego correndo em uma estrada reta, corria

 muito e não sabia que rumo teria...Me vi

 perdido no final dessa estrada em uma floresta

 densa, com árvores copadas, com muitos sons

 vindo da mata.


Em outro instante, me vejo dentro do meu

 quarto, sentado na cama, ligo a tv, e vejo um]

 filme, não lembro o filme! Me sinto só, mas

 quando olho ao lado vejo minha mãe, ela está de pé, vestida de branco, ela aponta para

 livros, pego um e abro suas páginas, o que

 vejo, uma foto minha de criança!

Então eu abri os meus olhos e despertei.

Sonho 1

                                                                                                           Por Sandro Torma


Eu vi um sonho assim:

Me vi em um salão enorme, vestido de preto aos pés de uma mesa, daquelas de banquete, vi na cabeceira da mesa minha mãe tb vestida de preto, era seu aniversário! Nisto olho para uma porta e vejo uma prima muito querida a qual nos criamos juntos,  também vestida de preto.
Dou oi a ela, mas não recebo resposta! Ela passa reto e abraça minha mãe, nisso sinto uma dor enorme, uma angústia...

Então abri meus olhos e despertei.

Afogada em traços


                                                            Por Patrícia Louzada


 Eu vi um sonho assim


Abro meus olhos e vejo um enorme espaço em branco. Paredes, chão, teto, nenhuma outra cor a vista.
Sinto-me boiando num vazio alvo, como uma neve ancestral, sem textura, vitrificada pelo tempo.
Não há estranheza, apenas tomo conhecimento de onde estou e penso: preciso caminhar. Até porque, a sensação de ficar parada me lembra um afogamento, afogada em branco, afogada no vazio… então caminho.

Do alto percebo uma linha, laranja, ela vem chegando e traça o vazio branco. Ao surgir traz consigo um ruído forte, seco. Aparece e se gruda ao vazio, criando um desenho. É a primeira cor que vejo nesse lugar.
Chego perto pra perceber que a linha, grossa e firme, causou um degrau. Subo nele pra ver mais além e vejo apenas o vazio branco, sem fim.

Conforme caminho, outras linhas surgem, o mesmo som, o mesmo degrau. Elas se sobrepõem, verde, índigo, rosa choque. Azul, roxo, magenta, amarelo ouro. Vinho, prata, cobre, vermelho sangue.

A cada traço as linhas se aproximam de mim, formam ao meu redor um emaranhado de cores, uma sobre a outra, num ritmo cada vez mais frenético.

Já não caminho, corro.
Corro tropeçando nas linhas, subindo em umas, descendo por outras, atravessando pelo meio delas em busca de ar nesse mar revolto. Já não me afogo no vazio, mas desvio das linhas que descem do ar como projéteis infernais, feitos para me destruir.
Corro em desespero, sem fôlego, enquanto linhas pretas surgem no ar, grossas e porosas, cercando tudo. Entendo que riscam   um papel outrora alvo.

Percebo que estou perdida no meio de um desenho que pode ser belíssimo, mas sou tão pequena e insignificante que não consigo perceber sua totalidade. De onde vejo são apenas linhas, aleatórias, que conforme surgem vão me afogando em seus traços.

Então eu abri meus olhos e despertei.

quinta-feira, 4 de março de 2021

A overdose do professor Enio

                                                                         Por Fábio Dal Molin


Eu vi um sonho assim

Eu estava com minha turma do Colégio Batista, onde estudei da quarta série ao fim do ensino médio, Saímos para um excursão a Gramado, na Serra Gaúcha. Na volta da excursão recebi o telefonema da minha professora de matemática da sexta série, Elenara. Ela se apresentou e disse que eu não lembrava quem era, mas estava enganada. em 2008, quando fiz uma seleção de emprego para uma empresa que sublocara uma parte do colégio, eu a reencontrei e foi ela quem não me reconheceu. 

Elenara me conta que o professor Enio, também de matemática, havia morrido. Enio, que além de professor também era pastor batista, era muito querido por todos os alunos, seu método de ensino era interativo, propunha exercícios no quadro e colaborava com os alunos na sua resolução. Eu nunca o vi perder a paciência ou ser excessivamente rigoroso.

Segundo ela, Enio morrera de overdose de cocaína, que havia sido usada como tratamento alternativo para a Covid19. Imediatamente apareceu a imagem dele morrendo em uma cama de UTI.

Comecei a duvidar disso e também do fato de já ter recebido a notícia da morte dele por outros motivos anteriormente, afinal hoje Enio deve estar velhinho, ou já estar morto. 

Então eu abri meus olhos e despertei