domingo, 30 de maio de 2021

O Circo dos vagalumes

                                                                                  Por Patrícia Lousada 

Eu vi um sonho assim


eu, sentada na arquibancada vazia de um campo de futebol com proporções gigantescas, um cheiro de novidade no ar.
Na minha frente, bem longe, quase no horizonte, um prédio.
Alltíssimo.
Delgado.
Solitário.

Me sinto uma menina pequena.
No circo. Aguardo ansiosa o início do espetáculo.

Olho ao redor e percebo que a arquibancada está agora lotada, tomada de gentes. E todas as pessoas lá sou eu.
Mais nova, mais velha, mais macho, mais fêmea, mais feia, mais bonita, mais rica, mais pobre, mais tudo, mais nada, mais representações e possibilidades de mim mesma que eu nem sequer poderia imaginar.

Sentido que todo o público que eu aguardava chegou, eu assovio.
Um sibilo fino, agudo.
Sonoro.
Imediatamente o sol começa a se por para que se inicie o espetáculo.
O prédio se acende, suas muitas janelas brilham como pequenos vagalumes lá longe. E ele dança, inclinando-se para os lados em torções improváveis ao comando do meu sibilo.
Eu e meus milhões de eus observamos com encanto a magia do momento.

Então eu abri meus olhos e desperte

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