segunda-feira, 5 de julho de 2021

Cabelos ao vento, coração na mão

  Por Lúcia Pozzobon


Eu vi um sonho assim:

Com um sorriso no rosto e cabelos ao vento, eu subia e descia longas avenidas com inclinações espaçadas.  Pilotava algo que parecia uma motocicleta muito rudimentar ou uma bicicleta motorizada.  Carregava uma sensação de liberdade,  misturada a um certo receio, pois era noite,  eu estava muito longe do lugar onde morava e não sabia para onde estava indo. Na verdade era a primeira vez que passava por esses caminhos. 

Ia vislumbrando algumas pessoas que ainda se atreviam a andar pela rua naquele horário.   Lembro que  eu tinha um certo medo de sofrer alguma violência e, ver gente conversando amistosamente nas calçadas, me animava. Seguia pilotando veloz e curiosa. Alguns carros apareciam vez por outra.

Num dado momento,levo um susto, ao lembrar que não sei dirigir a tal bicicleta. Angústia. Me espanta o fato de que ainda não tenha caído pois há anos não me equilibro numa bike. Lembro, ainda, que preciso voltar e que nem ao menos sei onde estou, nem onde moro e com quem.

Resolvo frear aos poucos. E... Claro que não sei como se freia a geringonça; então dou uma guinada para a esquerda. Por sorte não bato em um carro, pois entro meio que na contramão. Coração na mão,  mãos na cabeça, porque a rua à esquerda termina em uma loja de conveniências toda envidraçada. 

Um homem com roupas de cozinheiro francês, até com o típico chapéu, abre a porta do estabelecimento ao mesmo tempo em que entro com a bicicleta motorizada e desgovernada.

Já  havia um rapaz dentro da loja, e ele e o que abriu a porta ficaram olhando a cena muito assustados: eu caída no meio de frutas e bolachas. Antes que fossem me levantar, digo que não foi nada e  tento explicar, risonha, que nunca tinha andado naquela bicicleta e  que me dava por satisfeita por não ter provocado um acidente maior. 

Claro que levanto do chão tentando manter a pose, arrumo o cabelo e limpo a roupa, agora disfarçando a vergonha. 

Já na rua, começo a rir e penso como voltarei para casa e o que farei com a bicicleta danificada.

Percebo que o sol está nascendo e as pessoas  reiniciando mais um dia comum de suas vidas. O meu dia, sim, é  que é diferente pois não tenho dinheiro para voltar para casa, mas isso não parece me importar mais. 

Vai começar um novo sonho, sequência desse. Estou agora olhando estudantes universitários que passam apressados carregando seus livros.Fico curiosa. 

Então eu abri meus olhos e despertei.


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