Por
Rodrigo Fernandes
Eu
vi um sonho assim:
Eu
fazia uma visita à China. Lá, uma mulher me contava sobre um
espírito que se alimentava do afeto dos outros, que necessitava de
carinho e aceitação. Para exemplificar a fome do espírito ela me
conta a alegoria de um momento que uma mulher abandona um recém
nascido no meio de uma multidão, próximo de outras mulheres. Ele
está recoberto por uma roupa azul e não chora. A mulher, por sua
vez, não faz contato visual com a criança que suponho ser seu filho
e foge da cena enquanto as outras acolhem a criança, que seria este
espírito. Consigo olhar para os olhos dela e penso por um instante
na impossibilidade do amor ou na impossibilidade da vida. As mulheres
que recebem a criança não parecem horrorizadas, mas sim,
preocupadas em alentar aquele jovenzinho que mal sabem ser um
espírito carente de amor. Penso na devasidão de um ente que se
alimenta do abandono infantil. Em seguida pego um ônibus e ele está
muito lotado, mas os chineses parecem ter uma profunda habilidade em
ocupar pequenos espaços e o motorista parece frear com
sensibilidade. Tenho em mente no motivo pelo qual fui visitar a China
e como vinha conseguindo me virar com o idioma, conto meus dinheiros
e penso que posso ficar por mais tres meses. Passeio pelo centro e a
cidade parece ocidentalizada com o que temos de pior, restaurantes
ridículos, festas para jovens universitários e universidades
privadas. Estou sentado no banco da janela do ônibus e meu telefone
vibra com alguma notificação. O homem no meu lado me repreende,
baixa a alavanca que separa um banco do outro e relata sentir-se
incomodado. Lhe peço desculpas e começamos um diálogo. Ele é
brasileiro e me convida para o seu apartamento. Nele me pergunta o
que eu penso sobre coach's e se por acaso eu não queria ser um.
Respondo que acho charlatanice, que primeiro vendem algo que não são
e segundo me chamaria de técnico, não coach. Ele ri, mas fica
ofendido e tenta me provar que o que faz é bom. Senta à mesa e
ascende um cigarro, enquanto faz uma postagem dizendo que está
jogando rugbi. Fala que o mercado do rugbi na china é muito
vantajoso. Eu pergunto se ele não sente vergonha de mentir sobre o
que faz ao seus seguidores e por que razão fumar um cigarro
pareceria menos nobre do que praticar um esporte. Ele nem teve tempo
de responder.
Então
eu abri meus olhos e despertei
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