Por Sander Machado
Eu
vi um sonho assim:
Caminho
pelas ruas de um bairro de periferia. Ao longe avisto um grupo de
antigos amigos, a maioria destes não vejo há anos. Entre eles,
porém, está uma mulher de meia idade, ruiva, mas com uma presença
jovial e traços de quem já foi muito bonita.
Cumprimentos
surpresos são trocados entre os amigos. Diante da mulher ruiva,
pergunto seu nome. Então ela responde: "Não lembra mais de
mim? Sou aquela lebre vermelha que tu deu de presente para família
do C. quando eram mais novos."
Então,
dentro do sonho, tenho um flashback: estou saindo da casa onde morei
na infância com uma lebre vermelha e enorme no colo. Do outro lado
da rua, a gurizada se aquece para o tradicional jogo de futebol no
meio da rua. Entrego o bicho para um dos garotos que a recebe com
naturalidade. Ela fica por ali, na calçada, farejando algo.
De
repente um cachorro escapa de um pátio vizinho e corre na direção
da roedora. Seguro o cão no último instante possível. Ela,
aterrorizada, fica virada de barriga para cima, paralisada. Então,
deixo ele cheirá-la. A lebre fica ainda mais assustada e me lança
um olhar de desaprovação.
Volto
para a cena com a mulher ruiva. Agora existe uma sutil tensão sexual
entre nós. Ela cheira meu pescoço. Ao fundo, escuto os latidos do
mesmo cachorro que nos observa por de trás das grades de um portão.
Então
a mulher-lebre diz: "ainda tenho aqueles problemas, ele não se
transformou em humano ainda".
Todos
ao redor haviam se tornado animais.
Então
abri meus olhos e despertei.
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