quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A ascensão da lua vermelha




Por Fábio Dal Molin

Eu vi um sonho assim

De repente o mundo ficou em silêncio, mas não de ausência de ruído, um silêncio tangível. Estou abraçado em meus joelhos e a água recobre a superfície de meu corpo, as costas encurvadas, os olhos apertados, os músculos retesados. Mergulhado em um imenso tanque de mais de três metros de profundidade, reconheço a piscina de meu vizinho onde aprendi a nadar.
Agora sou algum eu atual e ao mesmo tempo tenho quatro anos de idade e me esforço para não engolir água enquanto meus braços e pernas se debatem e sou tomado  por um repuxo que eleva ao céu toda a água da piscina que começa a flutuar no espaço.
Tenho agora 8 anos e estou mergulhado na escuridão, correndo desesperadamente de medo. Sinto que estou submerso em um oceano de medo que faz meus ossos tremerem.
Não percebi a transição entre o oceano de medo para a escuridão e da escuridão para o pátio frontal da casa do meu vizinho onde eu corria assustado em meio as árvores.
Uma voz sussurrou "a lua explodiu". Agora meu corpo paira por cima das árvores e vejo a lua explodir em um cogumelo nuclear vermelho, pensamentos obsessivos e lúgubres me invadem.Como será nossa vida sem a lua, não teremos mais gravidade? A lua colidirá com a Terra? Pensei em todas as pessoas mortas, em dor e desespero.
Pensei na minha morte,  em como serei sugado para o vácuo da inexistência e da ausência do pensamento.
Como seria não pensar?  E se a morte não existir?
A lua está vermelha e em chamas e eu estou caindo, caindo caindo caindo caindo e chorando de pavor.

Eu quero acordar... Quero acordar.. eu vou morrer....

Então eu abri meus olhos e despertei.

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