quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Casa

Por Carolina Peixoto

Eu vi um sonho assim:

Era noite. Eu devia ter uns 12 anos de idade na época e estava de pé no pátio da casa onde morava com minha família. Eu tinha uma visão mais ampla do que o normal, conseguia ver quase em 360°. Via como um inseto. Era como se eu estivesse dentro de uma arena, onde a casa, o carro na garagem, as muitas plantas no jardim, a árvore, se colocavam ao meu redor. De repente, algo começou a acontecer. As coisas que eu olhava desapareciam. Sumiam. Assim, do nada. Eu olhava e a coisa sumia. Eu demorei uns três ou quatro sumiços para entender o que estava acontecendo. Então fechei os olhos apavorada. Ficava imóvel pensando em como sair dessa arena. Eu pensava em abrir os olhos novamente para testar se o evento continuaria acontecendo, mas tinha medo. Com os olhos fechados, perdi a noção de espaço e localização e não sabia mais para que lado estava virada. E se eu estivesse de frente para a casa? A casa toda desapareceria! Cogitei abrir só uma frestinha dos olhos para espiar, mas o medo de fazer algo importante desaparecer me impediu. De repente lembrei que minha família estava dentro de casa e a qualquer momento poderiam sair à rua. Eu poderia fazê-los desaparecer. Cerrei os olhos mais forte. Fiquei assim um tempo e não consegui achar solução. Resolvi tentar abrir os olhos devagar e mirar em algo não muito importante antes que meu olho conseguisse fazer o foco completo do objeto. Aos poucos fui abrindo os olhos e vi que estava de frente para a casa. Mirei no capacho em frente à porta e assim que a imagem dele se tornou nítida, desapareceu. Cerrei os olhos com força novamente e me resignei à escuridão apavorada. 

Então eu abri meus olhos e despertei. 

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