Eu vi um sonho assim:
A
família inteira estava reunida para uma festa. Muitas pessoas, devia
ser umas cem. Elas tinham rostos desconhecidos para mim, mas eu sabia
que eram meus familiares. Estávamos reunidos em uma luxuosa
propriedade no campo. A casa onde o almoço estava sendo preparado
era digna de um barão do café. A fachada, num rosa muito claro,
exibia inúmeras janelas iguais lado a lado que cercavam uma enorme
porta no alto de uma escadaria. O laranja das telhas coloniais fazia
um contraste lindo entre o céu bem azul daquele dia, o rosa da
fachada e o verde do gramado. Era um vasto espaço de campo que
circundava a casa. As pessoas estavam todas espalhadas, felizes.
Havia muito movimento e o clima era muito festivo.
Mas eu estava preocupada.
Uma coisa me deixava inquieta. O gramado em frente à casa acabava em
um declive perigoso e alto, cheio de pedras no caminho. Lá embaixo,
a grama continuava mais um pouco até chegar no rio. As crianças
subiam e desciam o declive correndo. De repente, uma das tias chegou.
Uma menina magrinha e serelepe veio correndo lá de baixo com uma
agilidade impossível para qualquer ser humano. Ela vinha anunciar a
chegada. Mas no último passo ela errou, perdeu o chão e caiu. O
corpo dela bateu três vezes nas pedras antes de ficar estirado lá
embaixo. Quando caiu, era como uma boneca de pano toda solta.
Enquanto caía o silêncio profundo se fez. E continuou. Todos sabiam
que ela estava morta. Eu fiquei parada de pé em choque. Queria
chorar, mas o pranto não saía. De repente, as pessoas começaram a
desmaiar. Uma a uma caíam feito sacos de batatas no chão. Todas. Só
eu fiquei de pé. Virei para o lado e vi um garçom que me abordava
oferecendo uma enorme bandeja de doces finos. Olhei para ele
incrédula, ainda com o pranto engasgado. Então ele me disse: temos
que servir os doces, moça. Afinal eles já estão comprados mesmo...
Então eu abri meus olhos
e despertei.
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