quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Sonho 2

Por Carolina Peixoto

Eu vi um sonho assim:

   A família inteira estava reunida para uma festa. Muitas pessoas, devia ser umas cem. Elas tinham rostos desconhecidos para mim, mas eu sabia que eram meus familiares. Estávamos reunidos em uma luxuosa propriedade no campo. A casa onde o almoço estava sendo preparado era digna de um barão do café. A fachada, num rosa muito claro, exibia inúmeras janelas iguais lado a lado que cercavam uma enorme porta no alto de uma escadaria. O laranja das telhas coloniais fazia um contraste lindo entre o céu bem azul daquele dia, o rosa da fachada e o verde do gramado. Era um vasto espaço de campo que circundava a casa. As pessoas estavam todas espalhadas, felizes. Havia muito movimento e o clima era muito festivo.
   Mas eu estava preocupada. Uma coisa me deixava inquieta. O gramado em frente à casa acabava em um declive perigoso e alto, cheio de pedras no caminho. Lá embaixo, a grama continuava mais um pouco até chegar no rio. As crianças subiam e desciam o declive correndo. De repente, uma das tias chegou. Uma menina magrinha e serelepe veio correndo lá de baixo com uma agilidade impossível para qualquer ser humano. Ela vinha anunciar a chegada. Mas no último passo ela errou, perdeu o chão e caiu. O corpo dela bateu três vezes nas pedras antes de ficar estirado lá embaixo. Quando caiu, era como uma boneca de pano toda solta. Enquanto caía o silêncio profundo se fez. E continuou. Todos sabiam que ela estava morta. Eu fiquei parada de pé em choque. Queria chorar, mas o pranto não saía. De repente, as pessoas começaram a desmaiar. Uma a uma caíam feito sacos de batatas no chão. Todas. Só eu fiquei de pé. Virei para o lado e vi um garçom que me abordava oferecendo uma enorme bandeja de doces finos. Olhei para ele incrédula, ainda com o pranto engasgado. Então ele me disse: temos que servir os doces, moça. Afinal eles já estão comprados mesmo...

   Então eu abri meus olhos e despertei.

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