Por Jéssica
Cantos
Eu vi um sonho
assim:
Era uma noite fria de inverno, eu
devia ter uns oito anos de idade na ocasião. Estávamos eu e meu pai caminhando apressados
e ofegantes pela rua de um lugar que não consigo definir, diferente de todos os
lugares onde já estive. Era um ambiente sombrio, não havia nenhuma pessoa na
rua além de nós dois. Além da iluminação da rua ser pouca, havia um nevoeiro
que não permitia enxergar muitas coisas. Percebo que cada um de nós carregava na
mão uma pequena mala.
Começo a questioná-lo para onde
estávamos indo, onde estava a mãe, porque ela não estava indo com a gente. Ele foge
das minhas perguntas, parece não querer responder, fala poucas coisas. Em um
instante apenas diz que quando chegássemos lá eu compreenderia e que devia
continuar sendo uma menina forte.
Um medo muito grande me invade por
inteira, as lágrimas começam a inundar meu rosto, enxugo rápido para que ele
não perceba. Nós seguimos caminhando apressadamente e de mãos dadas. Começo a
pensar que se estamos com malas poderia ser uma viagem, imagino que uma viagem
não pode ser tão ruim assim, e que não teria motivo para sentir esse medo todo.
Além do mais, era o pai que estava comigo, ele não me levaria para um lugar que
não fosse bom, não é mesmo?! Não sentia muita certeza do que refletia. Ainda
pairava no ar um mistério e certo tom de tristeza.
Seguindo a caminhada que parece
infinita, já com dor nas pernas finalmente chegamos numa estação de trem. Era
uma linda estação de trem daquelas de filme antigo, mas parecia bem mal
assombrada porque estava completamente vazia. Ficamos ali por um breve instante
até a chegada de um trem.
O trem chega, para na estação e quando abre a porta vejo
a figura de minha mãe já dentro do trem com uma mala ao seu lado no chão. Nós
nos olhamos e sorrimos, senti um pouco de alegria por breves segundos, até que
o pai me olha nos olhos, me beija na testa e se despede dizendo que essa viagem
é só para eles, que ainda sou muito jovem para fazê-la. Ele sobe no trem que
parte rapidamente, não tenho tempo de dizer mais nada e o trem some num enorme
clarão que parece conduzir para outra dimensão. Sento-me sobre a mala que
carregava e choro desesperadamente me perguntando o que faria a partir de então...
Então eu abri meus olhos e despertei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário