sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Traficante de armas


Por Gabriel de Vargas

Eu vi um sonho assim

Não há espaço separando as duas cidades da qual me divido. Livramento e Rio Grande eram como que bairros vizinhos, talvez ruas vizinhas. Um amigo, residente em Rio Grande, tem sua casa invadida por policiais por suspeitarem que esteja envolvido em tráfico de armas. Ele me diz não estar no meio disso, mas se tornou suspeito ao conversar com um radialista. Nesta conversa, mentiu sobre suas ocupações, omitiu que cursava Psicologia. O suficiente para se tornar suspeito dessa operação policial. No seu quarto eles não encontraram nada. Como um furacão, deixam apenas a desordem. O medo dele era tamanho que ele não teve coragem de dizer uma palavra sequer aos policiais. Estava assustado. Na conversa, o tom de voz descomedido de alguém preocupado. De repente estou na minha casa antiga em Livramento. No meu quarto, ligo o rádio e de súbito os radialistas que falavam nele já estavam ali. Eu conseguia ver a transmissão do rádio, participar dela, estava acontecendo no meu quarto. Procurava entre eles qual seria o radialista que denunciara meu amigo, qual dos três. Enquanto conjecturava sobre qual deles era o alcaguete, ouvia a transmissão, me envolvia com as notícias. Falavam sobre futebol. O homem vestido com camisa do Grêmio elogiava um jogador e dizia que gostava muito do Grêmio “renatiano”. Nisso uma repórter entra no ar e anuncia: acidente na estrada de Caxias do Sul. Acidente grave, entre um fusca e um gol. Os repórteres interrompem a transmissão para indagar a repórter pedindo mais informações, mas ela se comporta estranhamente, como se houvesse perdido a conexão. Fala muitas bobagens com alguém próximo e diz que ligaria novamente em 25 minutos para dar mais informações. Ouço um barulho de pessoas conversando vindo do corredor. Sigo o rastro do som e encontro minha mãe sussurrando com um amigo da época do ensino médio. Chego no meio da conversa e interrompo, curioso com o assunto que dialogam. Ele sorri, já assumindo o motivo de estar ali. Eu já sabia, ele veio até ali para assumir – ele é o traficante de armas que a polícia procura. Diz que sua vida está muito boa e pede para que eu guarde o segredo.

Então eu abri meus olhos e despertei.

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